Composição 1_1
Composição 1_1

Em vários pontos da nota da vereadora fica evidente embate político entre o grupo que assumiu o Executivo e o que garantiu maioria no Legislativo (Divulgação)

A vereadora Myrella Soares da Silva (União), que protagonizou recente caso de agressão envolvendo servidora municipal do Setor de Ambulância da Prefeitura de Bariri, enviou nota à imprensa acerca da ocorrência.
A vereadora deu versão detalhada do ocorrido no início da tarde de quinta-feira (3), nas dependências da Unidade de Saúde Osório Zafallon, o Soma 1, e que foi amplamente divulgado pelos órgãos de imprensa e sites nas redes sociais.
A ocorrência resultou em sua internação na Santa Casa de Bariri, com suspeita de fraturas no dorso costal, hematomas e lesões de arranhões. O relato confirma informações contidas em reportagem publicada on-line pelo Jornal Candeia. (Ao final desta matéria, disponibilizamos o link com a íntegra da nota da vereadora).
No texto, Myrella também comenta sobre nota emitida por grupo de vereadores liderados pelo presidente, Ricardo Prearo (PSD), sobre esse caso específico e outras ocorrências que demonstrariam suposta perseguição a servidores municipais por parte da recente gestão municipal.
Myrella reclama de falta de solidariedade do grupo de vereadores. “Não percebi em lugar algum, qualquer tipo de solidariedade pela agressão sofrida a uma parlamentar da Casa. Tão pouco recebi qualquer ligação ou mensagem de qualquer um deles”, escreve.
Ainda rebate a acusação de perseguição por parte da gestão atual. Segundo ela, os recentes remanejamentos de servidores não teriam envolvimento com o pleito eleitoral. “O que algumas pessoas parecem não querer entender é que, acima das vontades de qualquer um de nós, está a necessidade do bom andamento do serviço público”, enfatiza.
Myrella foi eleita como integrante do grupo liderado pelo prefeito Airton Luís Pegoraro (Avante). Outros dois vereadores integram o conjunto: Francisco Leandro Gonzalez (Pode) e Gilson de Souza Carvalho (PSB).
Em vários pontos da nota fica evidente racha entre grupos políticos de Bariri que se formaram após o pleito. Para a vereadora, há um grupo que, “aparentemente, não se contentou com o resultado das eleições e parece querer governar a cidade através da Câmara Municipal”. Em outro trecho, afirma que “pelo discurso do cabeça deste grupo e dos demais marionetes, parece que a cidade ficaria a ver navios por mais quatro anos, pois nada iria mudar”.
As afirmações claramente se referem ao ex-vereador e candidato derrotado nas eleições/2024, Edcarlos Pereira dos Santos (PP) e aos edis eleitos pelo grupo.
Para Myrella, “devagar as máscaras vão caindo e as pessoas vão mostrando quem são. Possivelmente querem instalar um projeto que não é pela cidade, mas um projeto de poder”.
Vale registrar que esse grupo, ao receber a adesão do presidente da Casa, garante maioria de votos nas tramitações do Legislativo. Se esse cenário de embate permanecer, o prefeito Airton deve enfrentar dificuldades para aprovar projetos e/ou programas de governo. Ou seja, a tão proliferada união de todos para reconstruir o município está difícil de ocorrer.

NOTA À IMPRENSA
Na data de 3 de janeiro de 2025, fui convocada para auxiliar a Diretoria de Saúde, na rua José Bonifácio, em Bariri-SP, unidade do Soma 1, onde fui devidamente informada a respeito de minha transferência da pasta do Desenvolvimento para a mesma, bem como outros servidores que também foram convocados com a mesma finalidade, tanto para compor a pasta, como para serem designados para outras unidades, seguindo a reestruturação da equipe para melhor funcionamento do serviço público.
Ocorre que, por volta de 12h30, eu estava sentada na sala de frente a diretora de saúde, deliberando à respeito de assuntos pertinentes à pasta, quando fomos surpreendidas pela servidora, que adentrou a sala sem prévio anúncio ou autorização, quando a mesma jogou a bolsa no chão e partiu para agressão física com tapas, socos, chutes e me agarrando pelo cabelo (aproveitando do elemento surpresa de eu estar sentada de lado e distraída). Fui jogada contra o chão, onde bati violentamente minhas costas; enquanto tentava segurar as suas mãos, ela arranhou minhas costas, bateu a minha cabeça no chão e proferiu diversos xingamentos.
Eu, no desespero, pedi apenas para que ela me soltasse e gritei por socorro. Mesmo eu podendo utilizar de legítima defesa, não tive outra reação, a não ser segurar as mãos da agressora – visto que minha cabeça estava doendo demais. Em dado momento, perdi a consciência momentaneamente e ficamos nessa posição por alguns minutos, até que os motoristas entraram na sala e tentaram separá-la de mim. Ao perceber que estava sendo filmada, ela ameaçou o motorista, xingando e chutando descontroladamente.
Quando conseguiram fazer com que ela soltasse meu cabelo, ao tentar me levantar, ela me deu dois chutes, acertando um em meu joelho esquerdo e o outro na altura da costela. Foi quando ela perguntou o que eu tinha contra ela. Respondi que não tinha absolutamente nada, que inclusive não tinha nada a ver com a questão de sua transferência, visto que esse comando não está sob minha autonomia ou atribuição.
Neste momento, ela alegou que eu havia enviado denúncia ao Ministério Público, visto que, ao ocupar o cargo de “chefe da ambulância”, a mesma continuava fazendo horas extras exacerbadas que não conduziam com a sua função, sendo que existia a devida função gratificada para o cargo. Tentei argumentar que é obrigação de uma parlamentar eleita, levar ao conhecimento das autoridades, qualquer tipo de denúncia que lese o patrimônio público – tanto que na ocasião, notifiquei a própria Diretoria de Saúde que foi omissa e não tomou as devidas providências, o que resultou no apontamento do MP.
O argumento de “perseguição política” cai por terra no momento que, à época, a servidora não concorria a nenhum cargo público (pois todo servidor tem que se descompatibilizar de sua função pública para concorrer ao pleito). Sendo a mesma subordinada à Diretoria de Saúde, ou seja, ao Executivo, os mesmos têm obrigação de responder quaisquer informações, no prazo de 10 dias úteis, como prevê o regimento interno e lei orgânica do município. Vale ressaltar que outrora, a mesma servidora já protagonizou outro episódio de violência contra outra servidora pública em Bariri. A época dos fatos, o Processo Administrativo foi arquivado na prefeitura.
A sala da Diretoria de Saúde teve vários móveis empurrados, equipamentos e documentos oficiais caídos pelo chão, o que ficou a cargo da perícia técnica avaliar e, mesmo conferindo risco de dano ao patrimônio público, não posso dizer com exatidão se configurou realmente algum dano irreversível ao patrimônio ou bem público. Estiveram presentes os policiais militares que atenderam a ocorrência e, prontamente, nortearam a condução das providências.
Após o ocorrido, fui conduzida pelos bombeiros até a Santa Casa de Bariri, onde passei por avaliação médica, realizei raio-x e fui medicada. Em análise do corpo de delito, foram observados arranhões profundos no lado posterior do ombro esquerdo, um arranhão causado por chute no joelho esquerdo, hematoma no tórax na altura da costela, outro hematoma no braço direito, além de dor intensa na região da coluna, no crânio e pressão 16/10.
Com a suspeita da fratura da costela, foi solicitado uma tomografia onde o laudo apontou uma alteração na coluna torácica, sendo necessário novo exame para sondagem aprofundada para um diagnóstico mais fidedigno.
Qualifico o episódio como desproporcional covarde e injusto. Sou uma vereadora que luta pelo bem comum, que luta pela causa da violência contra as mulheres. Ver uma outra mulher, que também foi candidata nas últimas eleições, tomar essa postura de visível ódio, que beira a selvageria, é triste e desanimador. Fui Procuradora Especial da Mulher, justamente para promover que mais mulheres venham para a política, para que o plenário possa cada vez mais ter representantes femininas. Mesmo estando em outros grupos políticos, sempre incentivei motivei e ajudei dentro daquilo que me foi possível a presença das mulheres para concorrer às eleições.
Reforço que não foi uma briga entre duas mulheres; foi um ataque unilateral, covarde que me deixou sem possibilidade de defesa. Esta não é a primeira vez que sofro violência política em Bariri. Já fui vítima de violência verbal e de gênero, inclusive dentro da própria Câmara Municipal, quando fui ofendida por um colega. Também já sofri violência psicológica por perseguição por parte do Executivo do governo anterior. Agora, fui vítima de violência física.
Nada justifica nenhum tipo de violência e ponto! Ainda mais, quando a violência acontece dentro de um setor público. O que seria da sociedade se tudo fosse resolvido na base da porradaria? Tentar justificar esse tipo de ato como um resultado pelo estresse dos servidores que estão sendo remanejados, além de ridículo é extremamente leviano e tendencioso.
Ao que fui informada pela direção posteriormente, tantos outros servidores, também de outras pastas, serão remanejados, sendo que a grande maioria deles sequer tem algum tipo de envolvimento com o pleito eleitoral. O que algumas pessoas parecem não querer entender é que, acima das vontades de qualquer um de nós, está a necessidade do bom andamento do serviço público para entregar o melhor resultado para a população.
A cidade tem pressa porque ficamos quatro anos estagnados. Acredito que toda equipe está preparada para realizar as mudanças que acharem pertinentes com cautela e zelo pelos seus servidores, tanto que ninguém foi convocado a toque de caixa pelo RH; todos foram, segundo a diretora, convocados a comparecer pessoalmente para alinhar as questões.
Infelizmente, temos um grupo político que, aparentemente, não se contentou com o resultado das eleições e parece querer governar a cidade através da Câmara Municipal. Porém, a Câmara não é composta apenas pela mesa diretora; temos mais quatro vereadores que representam a população tanto quanto. Tenho convicção de que não ficaremos calados diante de possíveis abusos.
Em contrapartida, me tranquiliza o coração saber que a população fez a escolha certa, visto que, pelo discurso do cabeça deste grupo e dos demais marionetes, parece que a cidade ficaria a ver navios por mais quatro anos, pois nada iria mudar. Só estamos na atual crise financeira e administrativa, justamente porque todo mundo quer fazer aquilo que quer, quando quer, sem pensar naqueles que mais precisam.
Devagar as máscaras vão caindo e as pessoas vão mostrando quem são. Possivelmente querem instalar um projeto que não é pela cidade, mas um projeto de poder, que visa apenas controle e lucro pessoal, o que poderá ser acompanhado por todos durante esse mandato.
A respeito da nota emitida pela Câmara, aparentemente, o texto foi feito em bloco, pelos membros da mesa. Porém, não percebi em lugar algum, qualquer tipo de solidariedade pela agressão sofrida a uma parlamentar da Casa. Tão pouco recebi qualquer ligação ou mensagem de qualquer um deles. A nota, porém, parece querer reverter a situação, achando justificável a violência e destoando os fatos para que a culpa do ocorrido caia em outra pessoa. Agradeço a solidariedade dos amigos nobres Leandro, Gilson e Rubinho, pelas palavras e orações.
Todo e qualquer servidor tem direito de procurar os meios legais com relação a sua situação diante do trabalho, da mesma forma de quando eu fui transferida, procurei todos os meios legais, e ao sair a determinação da justiça cumpri meu papel onde fui realocada sem maiores transtornos.
Agradeço a todas as autoridades envolvidas, em especial às equipes médica e de enfermagem da Santa Casa de Bariri, que me apoiaram durante esse processo que ainda está em andamento, aguardando novos exames. Agradeço o carinho preocupação e orações de toda a população de Bariri e região que se preocupou comigo. Todas as medidas cabíveis serão tomadas no tempo certo. Por hora, preciso focar na minha recuperação. Um grande abraço a todos!

Vereadora Myrella Soares