Composição 1_1

Eder Cassiola – “Hoje o Saemba enfrenta seu pior momento e corre o risco de encerrar suas atividades”

 

Em entrevista ao Candeia, o novo superintendente do Serviço de Água e Esgoto do Município de Bariri (Saemba), Eder Cassiola, 44 anos, diz que assumiu a gestão da autarquia com preocupação. Segundo ele, o Saemba está quebrado e terá de passar por um choque de gestão para não encerrar as atividades. Cassiola afirma que será preciso reduzir despesas e aumentar a receita. Ele admite que haverá necessidade de reajustar o valor da tarifa de água, mas de forma gradual. Cassiola é formado em Análise de Sistemas pela Unip de Bauru, pós-graduado em Gerência de Projetos, pela Fil-Lins, e mestre em Ciência da Informação pela PUC Campinas. Foi gerente de projetos na Xerox do Brasil por 12 anos e administra o Autoposto Trovarelli de Bariri há 13 anos. “Aceitei o convite do prefeito Abelardo em dirigir o Saemba por acreditar que uma gestão eficiente e transparente pode mudar os rumos da administração em Bariri”, diz Cassiola.

 

Candeia – Quais suas prioridades à frente do Saemba?

Cassiola – Minha prioridade frente ao Saemba é a recuperação da autarquia, que se encontra quebrada. Hoje o Saemba enfrenta seu pior momento e corre o risco de encerrar suas atividades. A partir de 2018 começou a apresentar saldo negativo em suas atividades, que se seguiu até 2020, onde fechou com um déficit de R$ 1 milhão. Ignorado pelas administrações passadas, que promoveram o congelamento de suas tarifas e transferiram a autarquia, através de leis e decretos, (tapa-buracos, isenção de pagamento dos prédios públicos, proibição do corte por falta de pagamento, isenção de cobrança na extensão de linhas) vários custos, sem estudos de impactos a longo prazo, que inviabilizaram as atividades hoje.

 

Candeia – Na sessão da Câmara de segunda-feira (1º) o vereador Airton Pegoraro mencionou déficit no Saemba de R$ 780 mil entre janeiro e novembro do ano passado. A que se deve essa situação financeira na autarquia?

Cassiola – Hoje a operação está negativa pelos fatores já apresentados. Um misto de falta de gestão, comprometimento e responsabilidade colocaram o futuro da autarquia em risco. Para ilustrar, imaginem alguém congelar seu salário por cinco anos e tudo continua a subir. Chegará o momento em que as reservas não existirão mais e você não terá mais poder de compra. Em 2017 o Saemba tinha R$ 1,986 milhão em caixa, em janeiro recebemos com R$ 51,8 mil.

 

Candeia – Que medidas o senhor pretende implementar para resolver ou minimizar esse problema?

Cassiola – Agora será necessário um choque de gestão, onde iremos reduzir as despesas, mudar processos e aumentar as receitas. Estamos cortando horas extras, reduzindo o quadro, deixando de nomear alguns cargos, desligando ar condicionados, controlando a frota. O quadro de funcionários, que há anos não é valorizado, tem me ajudado e vestiram a camisa para tirar o Saemba desta situação, que não foram eles que provocaram. São trabalhadores, pais de famílias e profissionais, que não mereciam estar nesta situação.

 

Candeia – A água de Bariri é considerada uma das mais baratas na região. Há perspectivas de aumento da conta aos consumidores?

Cassiola – A água de Bariri é de longe a mais barata, hoje custa R$ 15,00 o mínimo – para 10.000 litros. Cidades como Jaú (R$ 48,10), Boraceia (R$ 48,00), Itaju (R$ 19,17) e Bocaina (R$ 48,78) nos dão a noção o quanto estamos defasados. Será necessário reajustar o valor, mas sabemos que tem que ser de forma gradual e de acordo com nossa realidade. Não adianta ter uma tarifa de água baixa e deixar faltar água, não ter qualidade e não ter futuro.

 

Candeia – O município depende bastante do Manancial São Luiz, mas em épocas de estiagem há problemas no abastecimento. Há projeto para que não falte água especialmente em períodos de pouca chuva?

Cassiola – O risco de falta de água é muito grande. Digo isso porque o ano passado já faltou água em alguns bairros e não foi feito nenhum investimento para corrigir este problema. Pelo contrario, nos últimos anos perderam os dois melhores poços que tínhamos, o da Rua Sete e o que fica no antigo Tiro de Guerra. Hoje o manancial corresponde a 50% do abastecimento de Bariri e sabemos que ele depende diretamente das chuvas, o que este ano não foi dos melhores. Se juntarmos os baixos níveis de chuvas, a falta de investimento em novos poços e os dois poços que perdemos, prevemos um cenário crítico.

 

Candeia – No passado houve discussão quanto à melhoria da Estação de Tratamento de Água. Essa questão passa pelo planejamento da atual superintendência?

Cassiola – Nossa estação de tratamento de água (a ETA, como chamamos) está operando muito abaixo de sua capacidade de tratamento. Há anos que necessita de investimento para que possa melhorar a qualidade de filtragem e tratamento da água. Hoje conseguimos atender aos padrões mínimos exigidos, mas teríamos condições de oferecer uma água muito melhor à nossa população. Sabemos que o investimento para sua reforma é muito grande e para isso precisaremos de recursos federais e estaduais, mas com a ajuda de nossos vereadores e do nosso prefeito, faremos todos os pedidos.

Candeia – Em relação à coleta e tratamento de esgoto, há alguma medida a ser implementada pela direção da autarquia? Como o senhor analisa a situação da Estação de Tratamento de Esgoto?

Cassiola – Hoje o esgoto de Bariri é todo tratado, mas temos vários problemas e desafios. Nossa estação possui tratamento através de lagoas e este sistema incomoda pelo cheiro que às vezes desprende no ar, teremos que estudar como evitar isso. O caminhão que faz o trabalho de coleta e desentupimento do esgoto é muito antigo e já não atende mais, só em manutenção foram gastos R$ 70 mil com ele ano passado, em um caminhão que não vale R$ 50 mil hoje. Recebemos a estação elevatória do Santo Expedito, que bombeia o esgoto para tratamento, parada, sendo que a bomba principal estava queimada e a reserva também. Muito terá que ser feito, pois a estrutura foi recebida sucateada. São investimentos que já estão sendo feitos, de forma emergencial, para garantir o funcionamento destes serviços, mesmo tendo que realocar recursos.