
Manancial São Luis é responsável pelo abastecimento de metade do município de Bariri – Divulgação
Dados do pluviômetro instalado na Della Coletta Bioenergia (DC Bio) mostram que as chuvas neste ano ficaram abaixo da média. Considerando o registro desde 1995, de janeiro a junho de 2021 as precipitações somaram 452,5 milímetros (mm). Apenas em 2014 choveu menos nos primeiros seis meses do ano (confira tabela).
O cenário de escassez hídrica que tem atingido recordes nos últimos meses deve continuar crítico neste ano. Mas, a partir de 2022, as chuvas devem voltar, e acima da média – graças ao El Niño – disse o CEO do Climatempo, Carlos Magno, em entrevista à Agência INFRA.
Segundo ele, a tendência para este ano é de manutenção de um volume baixo de chuvas, especialmente na região Centro-Sul – a chamada “caixa d’água” do país, e que tem sido a mais prejudicada com a estiagem desde o ano passado.
O país registrou a pior afluência dos últimos 91 anos para o período de setembro do ano passado a março, segundo o CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico).
Diante desse contexto, Magno aponta que o volume de chuvas previsto para o ano ainda será insuficiente para recompor os reservatórios.
Mas o fenômeno El Niño deve se estabelecer a partir do próximo ano, revertendo o atual cenário para uma melhora de chuvas no país. Ainda assim, há incertezas sobre o volume dessas chuvas, conforme o especialista.
“Até o fim deste ano, devemos ficar num período de neutralidade. A tendência é o El Niño se estabelecer a partir de 2022. A intensidade dele é que ainda está sendo considerada uma intensidade fraca. Mas ainda é muito cedo para afirmar se ele vai se intensificar ou não”, salientou.
Abastecimento
Diante desse quadro de poucas chuvas, o Serviço de Água e Esgoto do Município de Bariri (Saemba) irá reduzir a oferta de água na cidade. O superintendente da autarquia, Eder Cassiola, pede a colaboração da população na economia de água.
“A seca é a maior em décadas e estamos presenciando rios secarem, poços perderem o volume e o manancial sem capacidade de regeneração”, constata Cassiola.
Bariri é abastecido hoje com 50% de água do Manancial São Luis, um conjunto de minas naturais que afloram e são canalizadas até a Estação de Tratamento de Água (ETA), onde, após tratamento, é bombeada para a cidade e para o reservatório localizado atrás do barracão da prefeitura.
As águas do manancial começam a ser bombeadas às 6h e param às 23h, todos os dias. Como a oferta de água no momento é menor, o Saemba irá desligar as bombas do manancial às 21h. A partir de amanhã (18) elas serão desligadas às 19h. O motivo é que após esse horário não tem mais água para captar.
A seca influencia diretamente o manancial, diferente dos poços profundos, como o Santa Helena, por exemplo, que demoram mais para sentir. Devido a essa situação, parte da população vai sentir mais o racionamento do manancial.
“Estamos trabalhando em várias frentes para enfrentar esta situação, mas todas elas demandam tempo e muito investimento, só que isso demora. Para diminuir a dependência do manancial, será necessário perfurar novos poços e restaurar três que perdemos (poço do final da Rua 7 de Setembro, do Tiro de Guerra e do Barracão da prefeitura)”, explica Cassiola.
A autarquia tentou viabilizar a perfuração de um poço no Jardim dos Ipês, mas a legislação não permite devido à proximidade com o cemitério. Para o mês que vem está prevista a perfuração de um novo poço na Rua 7 de Setembro, que visa atender o Jardim Bela Vista, Vila Americana, Parque dos Ipês e Jardim Maravilha.
A autarquia tem focado a atenção em todos os vazamentos que surgem, para que não seja desperdiçada água e aumentar a fiscalização de desperdícios.
O Saemba pede a colaboração da população na economia de água. “Economizar no banho, na hora de lavar a roupas, escovar os dentes e principalmente nas atividades domésticas”, cita o superintendente. “Pedimos que a atividade de lavar a calçada seja suspensa até que a situação se normalize. Todos sabemos que esse período seco causa muita sujeira, mas esta água que for usada para lavar a calçada, pode fazer falta para alguém”.
Chuvas em Bariri no primeiro semestre de 1995 a 2021
Ano Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Total do período
1995 102 493 211 47 73 19 945
1996 287 100 119 84 56 28 674
1997 502 231 54 60 113 226 1.186
1998 168 256 266 97 98 8 893
1999 429 218 49 112 85 96 989
2000 487 283 248 5 10 13 1.046
2001 289 178 192 47 70 40 816
2002 387 282 133 19 104 0 925
2003 442 124,5 118 86 59 15 844,5
2004 231 289 97 125 238 53 1.033
2005 419 143 131 74 120 53 940
2006 263 156 269 46 5 30 769
2007 393 151 142 41 75,5 0 802,5
2008 243 228,5 144,5 125 58 43,5 842,5
2009 447,5 169,5 170 133,5 71 23,5 1.015
2010 329 162 128 172,5 24 18 833,5
2011 359,5 229,5 296,5 112 4,5 35 1.037
2012 332 112 54,5 144,5 77 204,5 924,5
2013 251,5 215 184,5 77 168 102 998
2014 112,5 84 111 35 80 7 429,5
2015 187 185,5 231 60 115,5 10 789
2016 376 125 79,5 23 221 94,5 919
2017 421 42 55 118 294 5,5 935,5
2018 200 128 174,5 9 38 0 549,5
2019 202 235 129 89 15 20 690
2020 211 292 88 12 29 88 720
2021 158,5 115 114 24 10 31 452,5
Fonte: Della Coletta Bioenergia
























