Por unanimidade de votos, a Câmara de Bariri cassou o mandato do prefeito Abelardo Maurício Martins Simões Filho (MDB).
A sessão que analisou denúncia de Gilson de Souza Carvalho, baseada em investigação do Ministério Público (MP) sobre possíveis fraudes em licitação, atentado contra empresário e outros crimes, começou no fim da tarde de terça-feira (14) e terminou na madrugada de quarta-feira (15).
Na história recente de Bariri, trata-se da segunda cassação do mandato de um prefeito. O outro foi Paulo Henrique Barros de Araujo em meados de 2018, após ter sido preso em flagrante, acusado de ter estuprado uma criança em Bauru.
Em relação à sessão de julgamento de Abelardo, os discursos dos vereadores demonstraram que a decisão deles de cassar foi além do que estava na denúncia, com foco mais político que judicial, até porque o agora ex-prefeito não é réu em nenhuma ação.
Os edis explicitaram a falta de sintonia entre Executivo e Legislativo, em que o prefeito não tinha uma base sequer na Câmara. Também pesou a aproximação do chefe do Executivo com pessoas presas ou respondendo a ações judiciais.
Conforme ventilado por muitas pessoas ao longo da administração, a própria comunicação do governo, desde o início de 2021, deixou a desejar. Só para ficar num exemplo, Abelardo decidiu pelo aumento da tarifa de água e esgoto, medida importante para manter a saúde financeira do Saemba.
Em vez de chamar a imprensa para explicar a medida, decidiu simplesmente publicar um decreto no Diário Oficial do Município.
Essa falha de comunicação deu o tom de como os discursos dos opositores prevaleceram na maioria das vezes.
A cassação do mandato talvez coloque em segundo plano investimentos importantes feitos em Bariri pelo atual governo, como perfuração de poço profundo ao lado da Estação de Tratamento de Água (ETA), recapeamento de diversas ruas e avenidas, vinda do Poupatempo, aumento substancial de repasse para a Santa Casa, segunda unidade do Cras (Livramento), Policlínica de Fisioterapia e Fonoaudiologia, entre outros.
Como perdeu o foro por prerrogativa de função, Abelardo terá seu caso analisado pelo MP e pela Justiça locais. Além disso, conforme a legislação, deve ficar inelegível por oito anos.
Diferentemente de Paulo Araujo, a cassação do prefeito nessa semana demonstra ter sido aberto um procedente para que futuros governantes passem pelo mesmo julgamento, não adiantando dizerem que gozam de presunção de inocência perante o Judiciário.
Com a cassação do mandato de Abelardo, desde o dia 15 de novembro o governo está sob o comando de Luis Fernando Foloni (Cidadania). É acompanhar o andamento do trabalho na prefeitura com o novo gestor e também como as peças irão se mexer no ano que vem, em que haverá eleições municipais.
“Diferentemente de Paulo Araujo, a cassação do prefeito nessa semana demonstra ter sido aberto um procedente para que futuros governantes passem pelo mesmo julgamento”