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Entrevista da semana: Mulheres falam dos desafios do empreendedorismo

6 mar, 2020

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Amanhã, dia 8, é comemorado o Dia Internacional da Mulher. Por esse motivo, o Candeia ouviu nesta semana três mulheres residentes em Bariri que têm em comum o fato de serem empreendedoras. A diretora da Escola Mini Mundo e Colégio Max Beny Macena, Gisleine Macena Camillo, a sócia-proprietária da Éllis Turismo e CVC Letícia Gonçalves e a proprietária da SLA Motors, Silvana Lopes Leme, comentam sobre os desafios do empreendedorismo no universo feminino, quem as apoiou na iniciativa e se encontram algum tipo de discriminação na área de atuação.

 

Gisleine Macena Camillo

“Ser mãe foi uma grande vantagem para o meu ramo empresarial, forneceu-me um ‘feeling’, uma percepção mais aguçada das angústias das mães e pais”

 

Letícia Gonçalves

“Acredito que os passageiros prefiram ser atendidos por mulheres, pois temos mais paciência, somos mais claras e até mesmo mais sinceras”

 

Silvana Lopes Leme

“Hoje as mulheres estão conquistando cada dia mais seu espaço, trabalhando, tendo seu próprio carro, e a parte boa é que podemos conversar e auxiliar as mulheres”

 

Candeia – Qual o maior desafio em ser mulher no ramo empresarial? Quais os limites e vantagens?

 

Gisleine – Para mim, o maior desafio foi conciliar o empreendimento (escolas), filhos, família e vida pessoal de forma equilibrada, já que a maternidade me realizou como mulher, mas em contrapartida exigiu um foco específico do meu ser, pois somos tomadas no corpo, no coração, psique, enfim é um reinventar-se como pessoa e quando você muda, seus negócios também mudam. Ser mãe foi uma grande vantagem para o meu ramo empresarial, forneceu-me um “feeling”, uma percepção mais aguçada das angústias das mães e pais, da infância e suas diferentes fases e necessidades, mas limitou os tempos de trabalho, as horas de estudo, o ir e vir com liberdade de tempo. Quando você como pessoa se transforma, todas as pessoas e seu empreendimento também o acompanham, pois “a mãe tem uma orientação biológica em relação ao seu próprio bebê” (D.W. Winnicott, pg 215 – “A criança e seu mundo”) e eu aproveitei muito essa vantagem como empresária.

 

Letícia – Acredito que empreender já é um fato desafiador. O começo é tudo muito incerto, se manter no mercado hoje em dia está bem mais complicado que antigamente, principalmente por conta da tecnologia. Mas busco sempre inovar, diferenciar o atendimento, faço treinamentos constantes in loco, que ajudam muito a detalhar cada destino. Ainda não tenho filhos, mas acredito que possa ser um limite em empreender e vida pessoal. A vantagem em ser mulher é que conseguimos enxergar de outra forma, até mesmo como tratar uma colaboradora da equipe. Homem geralmente age mais com a razão e nem sempre estamos bem. O clima fica mais harmônico, o que acaba ajudando muito no andamento da empresa.

 

Silvana – Para mim, o maior desafio é passar confiança, saber que está falando, mostrar que sabe e conhece que está vendendo, para isso temos que estudar, é um ramo que poucas mulheres atuam, e sempre acabamos sendo testadas mais que um homem, isso é até bom, em minha opinião saímos da zona de conforto, temos que melhorar sempre, está atualizado. Hoje as mulheres estão conquistando cada dia mais seu espaço, trabalhando, tendo seu próprio carro, e a parte boa é que podemos conversar e auxiliar as mulheres que estão adquirindo seu veículo pela primeira vez, sem ajuda do esposo ou pai, de uma forma mais amigável, elas se sentem mais à vontade, não há limite quando se trabalha com foco naquilo que desejamos construir pode ser mais difícil, mas nunca impossível. No meu lema, nada cai do céu, temos que buscar agradecer e melhorar como ser humano sempre. E admiro as mulheres que buscam seu melhor.

 

Candeia – Quem mais apoiou seu empreendedorismo? De onde vieram os maiores questionamentos?

 

Gisleine – Meus pais, Beny e Ynnói Macena, meu esposo Paulo, amigas especiais e posteriormente meus filhos (Júnior e Eduardo), mas desde muito jovem compreendi que deveria empreender a minha própria vida, independente de ter uma empresa, eu era o meu negócio. Gostaria de enfatizar que minha formação calvinista, na igreja presbiteriana muito me influenciou quanto à visão de formação do ser humano, a valorização das crianças, o protagonismo incentivado dos jovens e sempre o “servir” a alguém, cumprir minha missão e talento. Os questionamentos vieram das dificuldades e problemas de natureza administrativa, gestão financeira, gestão pedagógica e acadêmica, infraestrutura e tecnologia e dos resultados. Você ama o que faz, mas tem que administrar, gerenciar, criar processos, espaços, estudar, delegar funções, formar e escolher pessoas para caminharem com você. No ramo educacional você lida pessoalmente com o maior valor universal que é a vida humana, isto necessita de muita responsabilidade, conhecimento e o que chamo de fator X, talento e dedicação.

 

Letícia – Meus pais sempre me apoiaram muito, além dos amigos e familiares. Quanto aos questionamentos, sempre teremos, principalmente em uma cidade pequena, como Bariri. Mas acredito que por já ter uma empresa sólida, ajuda e muito. Hoje em dia precisamos tomar muito cuidado em comprar uma viagem. Tanto em sites, como agencia física, é muito fácil aplicarem golpes.

 

Silvana – O apoio maior veio dos parceiros comerciais, para quem trabalhei por 28 anos, assim que não optei em continuar no grupo, pois tinha que mudar de cidade. No início pensei em trabalhar com veículos usados ou voltar a dar aulas. O que mais foi questionado, no momento quando optei por abrir a SLA Motors, foi o cenário político do nosso País e principalmente da nossa cidade. Naquele momento, o capital que eu tinha para investir era o que consegui em 28 anos de trabalho e infelizmente sabemos que Bariri não teve muitos progressos nesses últimos anos. Abrir uma multimarcas era algo novo e não se tratava de uma revenda equipada com oficinas como todos estavam acostumados, novas marcas a representar. Confesso que me vejo ainda como empregada de mim mesma, sempre cumpro os horários, gosto de estar presente nas negociações, gosto de conversar com as pessoas.

 

Candeia – Tendo em vista que esse é um ramo constituído por muitos homens, como lida com a discriminação?

 

Gisleine – Simplesmente não lido, sei que vou encontrar um caminho para realizar o que desejo, vou como as águas e contorno as pedras, mas existe um fator que me ajudou muito, que foi a união a outras e a todos, mulheres e homens ao meu redor que têm a capacidade de trocar experiências, desprendimento e abertura para inovar, forças para vencer as vicissitudes do dia-a-dia, conhecimento para desempenhar determinadas funções e construir parcerias temporárias ou eternas. Tenho a consciência que a minha fé profunda no poder da educação utilizando as metodologias, estratégias e todos os recursos que tenho (humanos e materiais) pode comunicar e transferir para as pessoas com toda a sinceridade um trabalho de excelência. Se puder dar uma dica as mulheres empreendedoras diria como Zig Ziglar: “Seu negócio nunca é bom ou mau lá fora. Seu negócio é bom ou mau, bem aí, entre suas orelhas.”

 

Letícia – No meu ramo, a discriminação é quase nula. Acredito que os passageiros prefiram ser atendidos por mulheres, pois temos mais paciência, somos mais claras e até mesmo mais sinceras. Percebo também que, quando vou a treinamentos e convenções, metade das pessoas já é do sexo feminino.

 

Silvana – Infelizmente não dá para dizer que não existe machismo, preconceito, estou aqui para trabalhar, e dar o meu melhor. Quando sinto que estão me questionando pelo sexo, deixo bem claro que não me atinge, antes de tudo somos pessoas com contas para pagar, filhos para criar, não posso me acovardar, graças a Deus não tenho passado por isso, ao contrário. Sempre trato e sou tratada com respeito. Não sei se posso chamar de discriminação, independente de ser mulher, sei que muitas pessoas ainda saem de Bariri para comprar fora, sendo que aqui temos as mesmas opções, entendo que as pessoas têm direito de comprar onde quiser, mas somos uma cidade pequenas de empreendedores que lutam para se manter em pé, emprega os filhos de Bariri, que gera dinheiro para nossa cidade, acredito que não seja só eu que percebo isso, como disse não posso chamar de discriminação, pois é uma opção de cada um. Muitas vezes essas vendas em geral para o nosso comércio fazem falta. Se girar o dinheiro dentro da nossa cidade, podemos investir mais, gerar mais empregos, muitas vezes nem sequer procuram as nossas opções é já deixam seu dinheiro fora, onde, com certeza eles não vai voltar para Bariri.

 

 Conheça as entrevistadas

Gisleine Macena Camillo nasceu em Bariri em 1961. É pedagoga de formação com especialização em Metodologias de Ensino e Deficiência Intelectual. Atua como mantenedora e diretora geral da Escola Mini Mundo e Colégio Max Beny Macena (fundamental e Médio). Foi professora da rede pública estadual e diretora na rede municipal e prestou assessoria pedagógica em várias escolas e prefeituras da região e com a IPG de formação universitária.

Letícia Gonçalves nasceu em Bariri em 1983. É administradora de empresas e sempre atuou na área administrativa e de vendas. Fez estágio no Banco do Brasil, Caixa Federal, Caixa Estadual e Santander. Neste último foi efetivada como gerente de negócios em Bauru. Quando concluiu a faculdade, sua irmã, Lilian, precisou de uma pessoa para ajudá-la na Éllis Turismo. Tornaram-se sócias e atuam nessa área há 15 anos. No ano passado a CVC fez convite para que abrissem uma loja exclusiva em Bariri. Aceitaram o desafio e inauguraram o estabelecimento.

Silvana Lopes Leme também é nascida em Bariri. Formou-se em Matemática pela Unesp de Bauru. No início da formação acadêmica trabalhava no horário comercial na Socoaba (desde 1989). Com a graduação passou a trabalhar à noite em escolas estaduais. Depois se efetivou em Sorocaba como professora, no entanto, não desligou da paixão, que era vender carros. Entre 2013 e 2014, a revenda foi vendida para outro grupo. Silvana confessa que ficou perdida, teve proposta para gerenciar agências em outros municípios, mas não era o que queria. Posteriormente fechou parceria com a Top Motors (Hyundai) e Mori Motos (Toyota), duas marcas novas, e criou a SLA Motors.

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