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A rotina família não mudou muito desde o início da pandemia; saem somente para ir ao supermercado ou farmácia, andar de bicicleta ou brincar na pracinha – Divulgação

No mês de março, o Candeia entrevistou a baririense Aline Cavallieri Michiellin, 43 anos, que relatou como ela e a família enfrentavam a pandemia de Covid-19, na cidade de Los Angeles, no estado da Califórnia (EUA), onde residem há 15 anos.

Nesta edição, depois de quatro meses, por solicitação do Candeia, ela reporta como está o enfrentamento local da doença na fase de flexibilização do isolamento social, retomada da economia e volta gradual de atividades escolares, profissionais e de serviços.

Aline conta que a rotina dela e da família – o marido, Péricles, e filhos, Rafael, 8, e Mila, 5 – não mudou muito desde o início da pandemia. Apesar da flexibilização, eles continuam dentro de casa a maior parte do tempo. Saem somente para ir ao supermercado ou farmácia, andar de bicicleta, brincar na pracinha ou para dar uma volta de carro.

Segundo ela, felizmente, a cidade de Los Angeles não passou por uma situação tão difícil como a de Nova Iorque, por exemplo. “Não há notícias dos hospitais e profissionais da saúde estarem sobrecarregados. Até a data de hoje, 8 de julho, a região metropolitana conta com 67% dos ventiladores e 39% dos leitos de UTI disponíveis”, relata.

Em relação à situação epidêmica, ressalta que, apesar da média diária de novos casos confirmados estar subindo, a curva do número de mortes diárias aparece achatada. “São no total 123,004 casos confirmados da Covid-19 e 3,642 mortes desde o início da pandemia.  A média diária de mortes dos últimos sete dias foi de 65. O estado da Califórnia tem 289.468 casos confirmados e 6.562 mortes”, comenta.

 

Flexibilização do isolamento social

 

Segundo Aline, a cidade de Los Angeles aprovou a flexibilização do isolamento social no final de maio, mas continuam valendo as recomendações de distanciamento, como uso de máscaras em locais públicos, distância de dois metros entre pessoas, lavar as mãos com frequência e uso constante do álcool em gel fora de casa. As praças e praias foram reabertas, porém os parquinhos infantis continuam fechados.

Diz que as autoridades seguem avaliando de perto a evolução da pandemia nas diferentes regiões e fazem ajustes preventivos conforme vão surgindo novas informações. As pesquisas recentes têm mostrado que o contágio está se dando, principalmente, em reuniões de famílias e amigos.

“Para ilustrar”, conta Aline, “no dia 4 de julho foi celebrada a independência dos Estados Unidos e o governador da Califórnia, Gavin Newsom, decretou o fechamento das praias durante o final de semana prolongado e desencorajou as tradicionais festividades dessa data. Ao mesmo tempo, pediu que as famílias a celebrassem em casa e somente entre os familiares imediatos”.

 

Retomada da economia e atividades escolares

 

Em relação à retomada da economia, Aline afirma que os profissionais que podem ficar casa continuam trabalhando remotamente e sem previsão para voltar.

Em meados de maio, o comércio de Los Angeles foi autorizado a fazer vendas online ou por telefone e os clientes faziam a retirada. Atualmente as lojas estão abertas e operando com capacidade reduzida.

Vários estabelecimentos mantiveram a opção da retirada da mercadoria na porta, sem precisar entrar no estabelecimento. Algumas lojas até trazem a mercadoria e colocam no porta-malas do carro, ou seja, não há contato nenhum entre as pessoas. “Vale destacar que esse modelo foi adotado tanto pelas grandes redes como pelas pequenas lojas e parece funcionar muito bem”, conta ela.

Outras atividades, como salões de beleza e academias, também reabriram com restrições.

Como na região de Bauru, por exemplo, restaurantes ficaram abertos ao público por algumas semanas, mas voltaram a fechar. “Somente aqueles com área externa estão recebendo clientes, mas todos podem continuar funcionando para entregas”, diz.

Segundo ela, o ano letivo nos EUA terminou em junho e agora cumprem o que seria o período de férias escolares. As aulas estão marcadas para retornar em meados de agosto, porém ainda não se sabe se serão aulas remotas, presencias ou um sistema híbrido, combinando os dois modelos.

 

Bolsonaro e Trump

 

De acordo com a baririense, as notícias do Brasil que chegam em Los Angeles não são das melhores, infelizmente. O jornal The New York Times já fez reportagem de capa, contando o descaso com a pandemia e a desorganização no combate aos efeitos do corona vírus no Brasil. “Recebi mensagens e fui abordada por amigos que buscam entender o que está se passando”, ela ressalta.

Ainda segundo Aline, a situação nos Estados Unidos não é muito diferente. “O presidente Donald Trump também deixa muito a desejar, mas o país aqui tem mais recursos e estrutura para enfrentar a pandemia”, pondera.

Soube da recente notícia de que Bolsonaro contraiu a Convid-19 e diz que torce pela pronta recuperação do presidente e acredita que essa experiência sirva para conscientizá-lo sobre a gravidade da doença. “Que ele assuma a postura e a atitude de um chefe de Estado, dando exemplo para a população e agindo à altura para dar respostas às crises política, econômica e sanitária, principalmente”, opina.

Na entrevista dada em março, Aline ressaltou que o caminho para se vencer a pandemia, em sua opinião, é a responsabilidade social e a solidariedade com o próximo. Afirma, que continua com a mesma opinião. “Cada um deve fazer a sua parte, respeitando as restrições impostas, goste-se delas ou não”, afirma.

Para ela, a lotação na reabertura dos bares no Leblon, Rio de Janeiro, na semana passada, e as praias lotadas da Flórida, nos Estados Unidos, são dois exemplos que não devem ser seguidos.