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Luis Henrique Marques foi agredido no dia 23 de fevereiro e morreu dias depois em decorrência das lesões – Divulgação

Alcir Zago

A Polícia Civil de Bariri concluiu nesta semana o inquérito sobre a morte do advogado Luis Henrique Marques, 51 anos, após ter sido agredido por seguranças contratados pelo Umuarama Clube de Bariri. O entrevero ocorreu na noite do domingo de carnaval (23 de fevereiro).

O delegado titular da Polícia Civil de Bariri, Marcílio César Frederici de Mello, afirma que o entendimento é que houve lesão corporal seguida de morte.

De acordo com o Código Penal, para esse crime a pena é de reclusão de quatro a doze anos.

Segundo ele, há um limite tênue para a classificação de um crime como esse, podendo ser homicídio doloso ou culposo ou lesão corporal seguida de morte.

O delegado levou em consideração alguns fatos para concluir seu relatório. O primeiro é que imagens de câmeras de segurança de residências próximas (divulgadas pelo Facebook na época) teriam demonstrado que a vítima foi retirada do clube em boas condições físicas. Mello diz que se houve truculência na parte interna, não ficou demonstrada.

Outro aspecto é que não havia animosidade anterior entre os seguranças que agrediram e a vítima para determinar eventual intenção homicida na conduta deles.

O delegado também considerou que após a queda de Marques ao solo as agressões cessaram e, além disso, os seguranças chamaram ambulância e acompanharam a vítima ao pronto-socorro.

Ao todo, foram indiciados seis seguranças. Três efetivamente agrediram o advogado. Outros três foram omissos em não coibir a ação. Isso porque todos foram contratados para evitar tumultos e apaziguar ânimos no clube, providências que não foram adotadas enquanto Marques era agredido.

 

O caso

 

Marques sofreu lesões graves, especialmente na cabeça, na noite de 23 de fevereiro (domingo de carnaval).

Posteriormente, foram divulgadas imagens de câmeras de segurança mostrando que ele foi agredido por segurança do lado de fora do Umuarama, no portão atrás do salão social.

No dia seguinte o médico Carlos Rodolfo Miras Filho compareceu à Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Jaú para registrar boletim de ocorrência.

Contou que recebeu ligação da ex-esposa de Marques (Elisangela Scudilio), pedindo que fosse verificar a situação da vítima, pelo fato de serem amigos.

O médico relatou que esteve no hospital e constatou lesões nos olhos, testa e nuca de Marques, não acreditando se tratar de uma queda. O paciente foi induzido ao coma na UTI e apresentava sangramento interno no cérebro.

A mulher disse a Miras Filho que o advogado foi ao clube e os seguranças do Umuarama o tiraram do local. Marques ficou internado na Santa Casa de Jaú até vir a óbito, no início de março.

 

Versão do segurança

 

O segurança Eduardo de Araujo Alves, 34 anos, compareceu à CPJ de Jaú também no dia 24 de fevereiro.

Disse que trabalhava como controlador de acesso ao clube e que a ex-esposa de Marques trabalhava no bar.

Elisângela teria relatado aos seguranças que o advogado estava ameaçando-a de morte. Posteriormente Marques foi ao clube e pediu duas cervejas. Também teria ameaçado os seguranças, dizendo que se colocassem as mãos nele iriam morrer.

Nesse momento, os seguranças colocaram Marques para fora do clube. De acordo com Alves, o homem estaria agressivo, embriagado e se negava a sair.

Houve necessidade do uso de força para tirá-lo do Umuarama. Ao abrirem o portão, o advogado teria tirado uma chave do bolso e teria investido contra os seguranças com chutes e ameaçando-os de morte. Nesse momento, teria sido contido e acabou batendo a nuca no chão.

Após a queda, como o homem estava desacordado, os seguranças chamaram a ambulância para levá-lo ao pronto-socorro de Bariri. Eles o acompanharam e voltaram ao clube, avisando Elisângela que Marques estava no hospital.