O Candeia publicou uma série de matérias e editoriais neste ano para tratar dos números preocupantes da dengue. Agora, o jornal retoma o assunto, mas para mostrar que a união de esforços surtiu efeito.
Longe de comemorar os dados, é preciso atenção redobrada agora e futuramente para que o município saiba enfrentar essa e outras epidemias.
Desde o início do ano até 10 de abril (três meses e dez dias) Bariri registrou oficialmente quase 3 mil casos de dengue – isso sem contar pessoas com sintomas ou com a doença que não procuraram por serviço médico público.
Nos primeiros dias deste mês o município contabilizou 56 casos da doença. Fazendo uma projeção com esses números, a cidade chegaria ao fim de abril com pouco mais de 150 exames positivos.
O reflexo da queda na curva é visível no ambulatório de combate à dengue, montado no dia 3 de fevereiro no Centro de Diagnose e Especialidades Dr. José Dorly Borges.
A instalação da unidade – que funciona nos dias de semana, fins de semana e feriados – permitiu o atendimento específico a quem tem sintomas de dengue e deixou o pronto-socorro da Santa Casa de Bariri voltado a recepcionar pessoas com outros problemas de saúde.
A responsável pelo Setor de Vigilância Epidemiológica de Bariri, Neusiely Podanoschi Giuliangeli, destaca na matéria desta edição que houve soma de esforços entre poder público, iniciativa privada e população. Muito provavelmente pelo contato direto com familiares e amigos que contraíram a doença, as pessoas atuaram de forma mais incisiva na eliminação dos criadouros do mosquito Aedes aegypti.
Nessa conjuntura, o papel primordial é da prefeitura, divulgando os números à população, capacitando as equipes, convencendo as pessoas da importância da adoção de medidas para eliminação do criadouro do mosquito, gerindo equipes de Saúde e de campo, entre outras.
Para citar algumas medidas, houve decreto de estado de emergência, instalação do ambulatório, endurecimento da legislação para quem mantém terrenos com mato alto e dotação orçamentária para atuação mais incisiva em ações preventivas e de atendimento a pessoas com sintomas da dengue. A nebulização costal ganhou o reforço da Nebulização Acoplada a Veículo (NAV) e do fumacê, questionado até mesmo por especialistas no assunto.
A comemoração dos números é relativa. Oficialmente, Bariri registrou seis mortes em decorrência da doença. Uma perda irreparável para familiares e amigos. Outras centenas de pessoas ficaram seriamente debilitadas.
Bariri não é uma ilha. O Brasil já registrou, desde o início do ano, 3.062.181 casos prováveis de dengue. O número já é quase o dobro de todo o ano passado, quando foram detectados 1,6 milhão de casos. Desde o início do ano, foram registradas 1.256 mortes por dengue em todo o país. Outros 1.857 óbitos estão em investigação.
Mesmo que tardio, o enfrentamento da dengue em Bariri teve resultados positivos e mostrou que ações devem ser planejadas e tomadas rapidamente. Que sirva de lição para o futuro.