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“No CPS temos a certeza de que mudanças efetivas somente são realizadas de forma consistente se a ação for articulada tendo em vista promover mudanças sociais que possam contribuir com a qualidade de vida da sociedade como um todo”. (Foto: Cedida)

Dia 7 de junho, o Centro de Promoção Social da Paróquia Nossa Senhora das Dores de Bariri (CPS) completou 50 anos de existência. E a história do engenheiro agrimensor Ismael José Pailoa, 61 anos, se confunde com a trajetória desta organização social civil (OSC), que é essencial no atendimento à criança e adolescente em Bariri. Há 45 anos ele é voluntário no local, já integrou cargos de direção e coordenação e é um dos responsáveis pela implantação de projetos relevantes, como Construir, Arte de Conviver e Programa de Aprendizagem Profissional – Aprendiz. São aproximadamente 350 crianças e adolescentes assistidos e, eventualmente, inseridos no mercado de trabalho. Paiola e a rede de colaboradores, profissionais, voluntários e ex-voluntários pretendiam cumprir programação festiva do Jubileu de Ouro do CPS. No entanto, a pandemia de Covid-19 limitou ou, no mínimo, adiou as ações de comemoração. Segundo ele, um grande encontro dos que atuam e já atuaram no CPS deve ocorrer até o final do ano.

Conheça o entrevistado

Ismael José Paiola nasceu na cidade de Cordeirópolis, Estado de São Paulo, há 61 asnos. Ingressou na Faculdade de Engenharia de Agrimensura, em Araraquara, em 1978. Depois de formado passou um ano trabalhando na capital paulista. Voltou para Bariri para exercer a profissão na cidade, onde permanece até hoje, atuando em atividades como georreferenciamento de imóveis rurais e urbanos, mineração, projetos, dentre outros.
Começou a frequentar o Centro de Promoção Social no final de 1974, ainda adolescente, fazendo parte do grupo de jovens voluntários, que eram também integrantes da Comunidade Jovem Católica da Paróquia Nossa Senhora das Dores.

Candeia – Destes 50 anos do CPS, em quantos o senhor participou e que funções ocupou na entidade?
Ismael Paiola – Eu comecei como voluntário na entidade com quinze anos e meio, em dezembro de 1974, portanto já se passaram dos 45 anos. Sempre gostei de atuar junto às crianças e adolescentes, ajudando na formulação das atividades, revendo metas, buscando alternativas para melhor atendimento aos nossos garotos e adolescentes. Faço parte da diretoria ou do conselho deliberativo da entidade há muitos anos. Fui presidente por três mandatos alternados, mas confesso que essa área não é o meu forte. Hoje, por falta de tempo e porque o nosso quadro técnico é muito competente, acompanho mais de perto algumas atividades mais específicas, já que temos um número muito grande de atendidos.

Candeia – O que foi possível realizar do calendário e da programação da Festa dos 50 anos do CPS, prejudicados pela pandemia de Covid-19?
Ismael Paiola – Tínhamos uma programação de realizar uma festividade, reunindo voluntários e pessoas envolvidas com o CPS ao longo desses 50 anos. Porém, diante da pandemia do Covid-19, as festividades foram temporariamente canceladas, só sendo possível a realização de uma live em comemoração aos 50 anos. Fizemos algumas publicações nas mídias sociais, com depoimentos de pessoas que passaram e outras que ainda frequentam a entidade. Está em andamento a confecção de um livro a ser publicado futuramente, retratando a história da entidade.

Candeia – O que ainda deve ocorrer nesse sentido em 2020?
Ismael Paiola – As ações previstas deverão ser novamente planejadas mediante evolução da pandemia. Ainda este ano, se possível, queremos realizar um grande encontro de pessoas que participaram desses 50 nos de história da entidade.

Candeia – O que o senhor destaca diante do resgate da história do CPS?
Ismael Paiola – O Centro de Promoção Social foi fundado em um momento muito importante da história, em especial da comunidade católica, que tendo saído do Concílio Vaticano II, tentando estabelecer mudanças importantes na relação dos leigos com clero e a instituição, deu foco as questões sociais, em especial as que dignificam, valorizam e libertam as camadas mais desfavorecidas da sociedade, os pobres. Nesse sentido, a atuação dos trabalhos desenvolvidos pela entidade visa valorizar a pessoa no seu todo, humano, social e espiritual. Também sempre foi uma preocupação que o CPS seja atuante nas políticas públicas de atendimento a criança e ao adolescente, bem como na área social como um todo, interagindo com o setor público e outras entidades sociais que atuam na nossa cidade. No CPS temos a certeza de que mudanças efetivas somente são realizadas de forma consistente se a ação for articulada tendo em vista promover mudanças sociais que possam contribuir com a qualidade de vida da sociedade como um todo.

Candeia – Em comparação ao trabalho atual, o que mudou e o que permanece?
Ismael Paiola – O trabalho inicial foi realizado com crianças que exerciam a função de engraxates e com adolescentes que formavam a Polícia Mirim. Os grupos discutiam suas problemáticas e dificuldades cotidianas e procuravam uma convivência fraterna, quase que diária. Os adolescentes da Polícia Mirim eram encaminhados para o trabalho por meio do contato com empresas e estabelecimentos comerciais da cidade. Além das reuniões semanais realizadas, a equipe sempre se reunia para visitas domiciliares, com o objetivo de conhecer as famílias e auxiliar no enfrentamento aos problemas oriundos da realidade na qual estavam inseridos. As atividades acompanharam as mudanças das legislações referentes às crianças e aos adolescentes e ao Programa de Aprendizagem Profissional. O trabalho técnico se reestruturou, apresentando uma metodologia específica de cada área, visando o desenvolvimento biopsicossocial de cada adolescente e participante.

Candeia – Quais os principais serviços prestados atualmente pelo CPS?
Ismael Paiola – Tem por foco a constituição de espaço de convivência, formação para a participação e cidadania, desenvolvimento do protagonismo e da autonomia das crianças, a partir dos interesses, demandas e potencialidades dessa faixa etária. O primeiro serviço ofertado pela Organização da Sociedade Civil (OSC) é de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – CONSTRUIR –, que atende até 50 crianças e adolescentes do sexo masculino que estejam matriculados do 6º ao 8º ano do ensino fundamental, com idade entre 10 e 13 anos e 06 meses. O presente serviço tem como foco a constituição de espaço de convivência, formação para a participação e cidadania, desenvolvimento do protagonismo e da autonomia das crianças/adolescentes, a partir dos interesses, demandas e potencialidades dessa faixa etária. Aos usuários são oferecidas oficinas intergeracionais, artísticas, culturais, musicais e esportivas, tendo como objetivo o desenvolvimento de potencialidades, capacidades e o fortalecimento de vínculos comunitários, com vistas ao incentivo a prática da cidadania. O segundo serviço – ARTE DE CONVIVER – é executado como uma etapa do Serviço Convivência e Fortalecimento de Vínculos intitulado “Construir” e destina-se a 50 adolescentes, de 13 e 15 anos, de ambos os sexos, que estejam matriculados no 9º ano do ensino fundamental. O serviço favorece o desenvolvimento de habilidades sociais, expressões/comunicações e habilidades esportivas de modo a prevenir situações de conflitos e violências, tendo como foco a resolução de conflitos pessoais e sociais, desenvolvendo condições para a construção/reconstrução de projetos de vida. O PROGRAMA DE APRENDIZAGEM PROFISSIONAL – APRENDIZ CPS – é a última etapa ofertada da instituição, destinado anualmente para aproximadamente 240 adolescentes de 15 a 19 anos e onze meses, de ambos os sexos que estejam matriculados do 1º ao 3º ano do Ensino Médio. O programa tem por finalidade a preparação e inserção do adolescente no mercado de trabalho, sendo realizados acompanhamentos: social, escolar, familiar e do trabalho. O programa é dividido em fases: FASE I – PREPARAÇÃO; e FASE II – INSERÇÃO no mercado de trabalho: na fase preparação, é oferecido ao adolescente, um curso preparatório de aproximadamente três meses, intitulado “Ingressando no Mercado de Trabalho” – IMT. Na fase inserção, o adolescente é encaminhado ao mercado de trabalho na condição de aprendiz.

Candeia – Como é formada a equipe de profissionais? E os voluntários?
Ismael Paiola – A equipe profissional do Centro de Promoção Social é formada por uma Coordenadora Geral, uma Assistente Social, Psicólogas, Coordenador de Serviço, Educadores e Orientadores Sociais, Supervisora de Cursos, Auxiliar Financeiro, Auxiliar Administrativo, Facilitadores de cursos, Cozinheiras e Auxiliar de Serviços Gerais. Temos também um grupo de voluntários, que além da maioria fazer parte do conselho deliberativo e diretoria da entidade, dá suporte ao corpo técnico na formulação das atividades, tanto na atuação direta com as crianças e adolescentes, como na elaboração e execução dos projetos para financiamento dos vários programas de atendimento.

Candeia – Quais as fontes de manutenção dos programas desenvolvidos pelo CPS?
Ismael Paiola – Os recursos financeiros da Instituição são advindos de convênios com empresas (Programa de Aprendizagem CPS), termos de colaboração através de Recurso Estadual e Municipal, Judiciário da Comarca de Bariri, além de organização de bazares beneficentes, colaborações da comunidade, dentre outras ações da equipe de trabalho, e da colaboração da Paróquia Nossa Senhora das Dores.