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Hospital Amaral Carvalho, em Jaú: principal centro de tratamento contra o câncer na região – Divulgação

Entre os anos de 2000 e 2018 foram diagnosticados 2.277 casos de câncer em pessoas residentes em Bariri, média de 119,8 casos por ano (veja quadro). No mesmo período foram contabilizados 248 casos da doença em Boraceia e 252 em Itaju.
Os dados foram obtidos pelo Candeia junto à Fundação Oncocentro de São Paulo (Fosp). O 8 de abril (segunda-feira passada) é dedicado ao Dia Mundial do Combate ao Câncer.
É preciso explicar que o número de registros entre 2013 e 2016 é menor do que o apresentado nos anos anteriores. Segundo a Fosp, essa diferença se deve à espera de pelo menos um ano para inclusão do caso na base de dados, sendo este o tempo necessário para que se possa obter maior número de informações sobre o tumor, o tratamento realizado e a evolução do paciente.
A redução no número de casos registrados não significa, portanto, que o número de casos de câncer atendidos está diminuindo.
Outra informação relevante é que os dados coletados pela Fosp não devem ser utilizados para cálculo de incidência, uma vez que retratam apenas e tão somente o perfil de atendimento de uma determinada instituição (ou de um grupo destas). Na região, o principal centro oncológico é o Hospital Amaral Carvalho (HAC).
Em relação aos casos da doença por número de habitantes, a incidência da doença em Bariri é uma das maiores da região. Em 2012 foram 139 casos diagnosticados para uma população à época de 32.102 moradores (veja quadro). Não foi utilizado dado mais recente porque, conforme a Fosp, a partir de 2013 o levantamento está pendente de novas inclusões.

Prevenção

Apenas entre 5% e 10% dos casos de câncer ocorrem por um fator hereditário – os outros 90% aparecem de maneira esporádica, seja por mutações genéticas ou fatores externos. Por isso, adotar um estilo de vida saudável evitando exposição a fatores de risco é a principal maneira de se prevenir contra o câncer.
A doença é a segunda que mais mata no mundo. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), só em 2018, o câncer foi responsável por 9,6 milhões de óbitos no mundo inteiro.
Para o Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que em 2019 serão 600 mil novos diagnósticos, sendo os cânceres de próstata, pulmão, mama feminina e colorretal os mais frequentes entre os brasileiros e brasileiras. Segundo a OMS, 14 milhões de pessoas descobrem a doença todos os anos. A entidade calcula que este número deve crescer 70% até 2038.
O diagnóstico precoce ainda é a melhor forma de combater o câncer. As campanhas de conscientização atuam de forma efetiva sobre a população. “O intuito das campanhas é de realmente estimular a sociedade a ir ao médico, a procurar por exames preventivos”, ressalta Márcio Almeida, médico oncologista da Aliança Instituto de Oncologia.
Entre os principais fatores de risco para a enfermidade estão o sedentarismo, a obesidade, o consumo excessivo de bebida alcoólica e o cigarro. Para o especialista, muitos casos podem ser evitados com a adoção de hábitos mais saudáveis.
Almeida explica que a atividade física também é uma importante aliada, não apenas para prevenir a incidência de diversos cânceres, mas para melhorar a qualidade de vida durante e depois do tratamento dos tumores. “O exercício físico é uma das poucas coisas que podemos afirmar com segurança que diminui a reincidência de câncer”, ressalta.
A prática de exercícios reduz a gordura corporal total, o nível de colesterol ruim e, consequentemente, elimina as substâncias que colaboram para o desenvolvimento do câncer.

Câncer de pele

Conforme notificações feitas pela Fosp em relação aos municípios do Departamento Regional de Saúde de Bauru (DRS), quase metade dos casos de câncer é relacionada a tumores de pele.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) registra, a cada ano, cerca de 180 mil novos casos. O tipo mais comum, o câncer da pele não melanoma, tem letalidade baixa, porém, seus números são muito altos.
A doença é provocada pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Essas células se dispõem formando camadas e, de acordo com as que forem afetadas, são definidos os diferentes tipos de câncer. Os mais comuns são os carcinomas basocelulares e os espinocelulares. Mais raro e letal que os carcinomas, o melanoma é o tipo mais agressivo de câncer da pele.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia orienta as pessoas a evitarem a exposição excessiva ao sol e proteger a pele dos efeitos da radiação UV.
Como a incidência dos raios ultravioletas está cada vez mais agressiva em todo o planeta, as pessoas de todos os fototipos devem estar atentas e se protegerem quando expostas ao sol.
Os grupos de maior risco são os do fototipo I e II, ou seja: pessoas de pele clara, com sardas, cabelos claros ou ruivos e olhos claros. Além destes, os que possuem antecedentes familiares com histórico de câncer de pele, queimaduras solares, incapacidade para se bronzear e muitas pintas também devem ter atenção e cuidados redobrados.

Medidas de proteção para evitar o câncer de pele

Use chapéus, camisetas, óculos escuros e protetores solares
Cubra as áreas expostas com roupas apropriadas, como uma camisa de manga comprida, calças e um chapéu de abas largas
Evite a exposição solar e permanecer na sombra entre 10 e 16 horas (horário de verão).
Na praia ou na piscina, usar barracas feitas de algodão ou lona, que absorvem 50% da radiação ultravioleta. As barracas de nylon formam uma barreira pouco confiável: 95% dos raios UV ultrapassam o material
Use filtros solares diariamente, e não somente em horários de lazer ou de diversão. Utilize um produto que proteja contra radiação UVA e UVB e tenha um fator de proteção solar (FPS) 30, no mínimo. Reaplique o produto a cada duas horas ou menos, nas atividades de lazer ao ar livre. Ao utilizar o produto no dia a dia, aplique uma boa quantidade pela manhã e reaplicar antes de sair para o almoço
Observe regularmente a própria pele, à procura de pintas ou manchas suspeitas
Mantenha bebês e crianças protegidos do sol. Filtros solares podem ser usados a partir dos seis meses
Consulte um dermatologista uma vez ao ano, no mínimo, para um exame completo

Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia

Número de casos de câncer diagnosticados em pessoas residentes em Bariri

Ano Nº de casos
2000 97
2001 114
2002 140
2003 115
2004 144
2005 151
2006 149
2007 112
2008 89
2009 121
2010 98
2011 121
2012 139
2013 130
2014 132
2015 130
2016 126
2017 108
2018 61
Total 2.277

Fonte: Fundação Oncocentro de São Paulo

Cânceres mais frequentes no ano de 2016 na RRAS 09*

Tipos de câncer Número de casos %
Pele 1.865 46,7
Mama 369 9,2
Próstata 260 6,5
Colo do útero 184 4,6
Cólon 162 4,1
Pulmão 103 2,6
Sistemas hematopoiético e reticuloendotelial 89 2,2
Estômago 86 2,2
Corpo do útero 85 2,1
Reto 83 2,1
Total de casos 3.991 100

* São 68 municípios ligados ao Departamento Regional de Saúde de Bauru que fazem parte da RRAS 09; Bariri está entre eles

Fonte: Fundação Oncocentro de São Paulo

Casos de câncer em municípios da região

Cidade Casos de câncer em 2012* População** Variação porcentual
Bariri 139 32.102 0,0043%
Barra Bonita 113 35.210 0,0032%
Bauru 478 348.146 0,0013%
Bocaina 41 11.073 0,0037%
Boraceia 19 4.348 0,0043%
Dois Córregos 80 25.100 0,0031%
Itaju 14 3.338 0,0041%
Itapuí 55 12.446 0,0044%
Jaú 574 133.900 0,0042%
Pederneiras 98 42.235 0,0023%

* Foi considerado o ano de 2012 porque entre 2013 e 2016 os registros estavam abaixo de anos anteriores devido à espera para inclusão de novos casos

** Estimativa populacional do IBGE de 2012

Fonte: Fundação Oncocentro de São Paulo

HAC registra mais casos

A pedido do Candeia, o Hospital Amaral Carvalho (HAC), de Jaú, encaminhou informações sobre casos de câncer em Bariri, Boraceia e Itaju.
O montante é maior em comparação aos dados da Fundação Oncocentro de São Paulo (Fosp).
O HAC contabilizou o período entre 2008 e 2017. Os dados de 2018 ficaram de fora porque ainda são parciais.
Nesse período o hospital registrou 1.380 casos de câncer notificados por moradores de Bariri. Nesse intervalo de tempo a Fosp contabilizou 1.194 casos. De 2008 a 2017 o HAC anotou 152 casos de câncer em Boraceia e 153 em Itaju.
Nas três cidades, o tipo de câncer mais frequente nesse período foi o de pele: Bariri (622 casos), Boracéia (65 casos) e Itaju (63 casos).
Em seguida, aparecem os tumores de próstata em homens e de mama em mulheres. De 2008 a 2017 Bariri registrou 77 tumores de próstata e 96 de mama. Em Boraceia foram nove de próstata e 12 de mama e em Itaju, oito de próstata e 17 de mama.