Rosangela Moreira de Oliveira Vaccarelli
“Aproximadamente 65% das mulheres identificam o câncer de mama casualmente e 35% por meio do autoexame mensalmente”
No mês em que as atenções se voltam para o combate ao câncer de mama, a médica ginecologista e obstetra Rosangela Moreira de Oliveira Vaccarelli destaca a importância da prevenção para o diagnóstico precoce da doença e o tratamento dela. Rosângela ressalta que a palpação ocasional das mamas mostrou ser mais efetiva do que o autoexame mensal. O exame de mamografia deve ser feito pelas mulheres anualmente a partir dos 40 anos. “O câncer de mama tem cura, especialmente se o tratamento for instalado precocemente”, afirma a médica. Ela é nascida em São Paulo e formada pela faculdade de Ciências Médicas de Santos, com residência médica em ginecologia e obstetrícia no Hospital Santa Marcelina em São Paulo. Atualmente trabalha nas santas casas de Bariri e de Jaú e nas prefeituras de Bariri e de Bocaina.
Candeia – Quais são as possíveis causas do câncer de mama?
Rosângela – Não existe uma única causa, diversos fatores estão relacionados ao câncer de mama, como sexo feminino, idade maior que 50 anos, história familiar, ausência de filhos, uso de hormônios externos, consumo de álcool, sedentarismo, radiação e obesidade.
Candeia – Que hábitos e comportamentos diminuem a chance de câncer de mama?
Rosângela – Além da realização de consultas e exames periódicos, medidas de autocuidado da mama, como observação e palpação. Reforço ainda a necessidade da busca por hábitos saudáveis de vida, com prática regular de exercícios, dietas pobres em gorduras, combate à obesidade, sobretudo nas mulheres após a menopausa.
Candeia – Quais os sintomas do câncer de mama?
Rosângela – Geralmente no início o câncer de mama é silencioso, não dá sintomas. A partir do momento em que começa a ser palpável, pode estar associado a um caroço (nódulo) na mama, geralmente indolor, pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja, pequenos nódulos na região embaixo dos braços (axila) ou no pescoço, alterações no bico do peito (mamilo), saída de líquido anormal das mamas. Essas alterações precisam ser investigadas o quanto antes, mas podem não ser câncer de mama. Ao contrário do que muitos pensam, a dor mamária é um sintoma muito comum às mulheres, mas raramente está associado ao câncer de mama. A dor das mamas geralmente possui causas ligadas a alterações hormonais ou emocionais.
Candeia – Quando é necessário fazer a mamografia?
Rosângela – Após os 40 anos a mamografia começa a ser um exame importante para a detecção da doença e recomenda-se que seja feito pelo menos uma vez por ano pela Sociedade Brasileira de Mastologia. Porém o Ministério da Saúde preconiza que a mamografia seja realizada entre 50 e 69 anos para mulheres que não têm nenhuma suspeita da doença ou antecedentes familiares a cada dois anos.
Candeia – Como a mulher deve examinar as mamas? O autoexame é indispensável?
Rosângela – A orientação é que a mulher realize a autopalpação e observação das mamas sempre que se sentir confortável para tal (seja no banho, no momento da troca de roupa ou em outra situação do cotidiano) sem nenhuma recomendação de técnica específica, valorizando-se a descoberta de pequenas alterações mamárias. Sempre que perceber essas alterações suspeitas em suas mamas, a mesma deve procurar esclarecimento médico. O autoexame não é indispensável, porém a palpação ocasional das mamas mostrou ser mais efetiva do que o autoexame: aproximadamente 65% das mulheres identificam o câncer de mama casualmente e 35% por meio do autoexame mensalmente.
Candeia – O câncer de mama tem cura? Quais são os tratamentos para o câncer de mama?
Rosângela – Sim. O câncer de mama tem cura, especialmente se o tratamento for instalado precocemente. O tratamento é multidisciplinar, assim a mulher será tratada por um cirurgião, um oncologista clínico e um rádio-oncologista. O câncer de mama pode ser tratado com procedimentos locais e sistêmicos. Os tratamentos locais (cirurgia e radioterapia) são usados na remoção ou destruição das células cancerosas presentes na mama e na região axilar. A radioterapia pode ser realizada antes da cirurgia para melhorar as condições cirúrgicas e após a cirurgia como complemento ao tratamento local. Há também os tratamentos sistêmicos: quimioterapia e hormonioterapia.
Candeia – Como a senhora avalia as ações de combate ao câncer de mama realizadas em Bariri ? São ideais?
Rosângela – Ainda não, mas vem melhorando. Temos o Outubro Rosa, mês no qual as pacientes têm mais facilidade para fazer o exame. Neste ano tivemos a carreta “Mulheres de Peito”; foi muito importante, várias mulheres conseguiram fazer mamografia e já estão trazendo os resultados.
Candeia – Em sua opinião, campanhas como o Outubro Rosa têm aumentado a conscientização das mulheres sobre a doença?
Rosângela – Acredito que sim, pois é uma forma para chamar a atenção, uma oportunidade de colocar em evidência a luta contra o câncer que mais mata mulheres no Brasil. Despertando assim as mesmas sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, que tem altas chances de cura quando descoberto cedo.
Conheça o Outubro Rosa
Na década de 1990 nasceu o movimento conhecido como Outubro Rosa, para estimular a participação da população no controle do câncer de mama. A data é celebrada anualmente, com o objetivo de compartilhar informações sobre o câncer de mama, promover a conscientização sobre a doença, proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade.
Neste ano a campanha do Instituto Nacional do Câncer (Inca) no Outubro Rosa tem como tema “Câncer de mama: vamos falar sobre isso?”. O objetivo é fortalecer as recomendações do Ministério da Saúde para o rastreamento e o diagnóstico precoce do câncer de mama e desmistificar conceitos em relação à doença.
A campanha:
– enfatiza a importância de a mulher conhecer suas mamas e ficar atenta às alterações suspeitas;
– informa que para mulheres de 50 a 69 anos é recomendada a realização de uma mamografia de rastreamento a cada dois anos;
– mostra a diferença entre mamografia de rastreamento e diagnóstica;
– esclarece os benefícios e malefícios da mamografia de rastreamento;
– informa que o Sistema Único de Saúde (SUS) garante a oferta gratuita de exame de mamografia para as mulheres brasileiras em todas as faixas etárias.