PALAVRA ABERTA
Um visionário deu vida a um sonho. Um homem muito além do seu tempo. A ideia que ruminava na cabeça de Orlando Belluzzo o contagiava dia-a-dia. Por que não uma rádio na cidade? Por que não transformar o alto falante daqui numa emissora de verdade? Se Bariri era a “Milionária do Vale”, qual o problema em se trazer para nossa terra um veículo de comunicação que era a sensação do momento no país? Para ele isso não era simplesmente um sonho. Era um objetivo.
Na época, Belluzzo era o explorador do serviço de alto falante da cidade, que estava instalado no coreto da Praça da Matriz, começando a operar às 18 horas e seguindo até por volta das 9 da noite. Tinha como grandes artistas naquele tempo Moreno e Helena, que liam, com voz empostada, os recadinhos que os casais apaixonados dedicavam um ao outro. Era um sucesso.
Havia em Bariri um grupo de amigos que não se separava, fosse pelo gosto musical, fosse pelos interesses políticos, mas, acima de tudo isso, por um forte laço de amizade e companheirismo. Me refiro a Dr. Constantino Galízia, médico, Pedro Galízia, coletor de impostos, Antônio Galízia, médico e prefeito, Alessio Ricobonni, empresário do ramo automobilístico, Dario Foloni, farmacêutico e, Orlando Belluzzo, empreendedor.
Sempre que podiam, estavam juntos. Não dispensavam um bom vinho nem um bom refrigerante. Na época, Bariri tinha uma deliciosa fábrica de refrigerantes, que regava a mesa de muitos almoços festivos. Refrigerantes Brocco. Foi regado com essa bebida, que numa tarde de sábado, Antonio Galízia, Orlando Belluzzo e Alessio Ricoboni decidiram que trariam à terra de João Lemos uma rádio. Dito e feito.
Orlandão gostava muito de música. Na sua casa existia uma invejável coleção de discos de vinil, com os sucessos dos maiores nomes da música da época. Eram esses os sucessos que se ouvia nos potentes alto falantes do coreto municipal.
Segundo o jornal da época, “não foi pequena a luta para a consecução desse resultado”. Mas tudo valeu a pena. A ZYZ – 8 iniciou suas atividades no dia 7 de setembro de 1950.
Nem é necessário ressaltar aqui as dificuldades que essa emissora enfrentou, seja de ordem técnica ou econômica. Mas com o amor que se foi passando de pai pra filho, e, de filho pra neto, tudo foi superado. Grandes nomes fizeram e fazem parte do que se pode chamar de “Família Cultura”, seja empunhando os microfones da agora “Rádio Cultura de Bariri” ou trabalhando nos bastidores para prestar o melhor atendimento aos ouvintes e clientes ou para não deixar o som perder a qualidade.
Mas, que sejam reverenciados aqui o Orlandão, que deixou seu legado para Belluzzo Filho, que passou o bastão para Belluzzo Neto. São três gerações de sonhadores, visionários e, acima de tudo, apaixonados pelo rádio. E é, graças a eles, que nesta data de hoje, muito mais moderna, mais jovem e atualizada do que nunca, que a rádio “Coração”, a “Primeira da Cidade”, uma emissora “100% baririense”, a emissora integrante do Sistema Belluzzo de Rádio, onde “em cada horário tem sempre um amigo com você”, leva diariamente o entretenimento, a boa música, a notícia com credibilidade, presta serviços de utilidade pública e é, sem dúvida nenhuma, a ”queridinha” da cidade.
Parabéns Rádio Cultura de Bariri pelos seus 69 anos. E obrigado pelo respeito demonstrado a essa terra e a essa gente tão hospitaleira e trabalhadora não só de Bariri, mas de toda região. E que venha o rádio digital. A Cultura está pronta pra isso!
Paulo Eduardo Camilo Oliveira, advogado, jornalista e radialista na Rádio Cultura e 91 FM de Bariri