
Projeto Tamar atua na conservação das tartarugas marinhas, realizando o trabalho em três frentes: conservação, pesquisa e inclusão social (Divulgação)

Estudantes como Lívia, vão até o local do encalhe, realizam a biometria do animal e anilhamento (marcação) para que a tartaruga seja monitorada (Divulgação)
Desde o início de janeiro, a estudante de Biologia, Lívia Slompo Felippe, 20 anos, realiza estágio científico na Fundação Projeto Tamar Ubatuba, instalada em uma área no litoral norte de São Paulo.
A Fundação Projeto Tamar atua na conservação das tartarugas marinhas há mais de 40 anos, realizando o trabalho em três frentes: conservação, pesquisa e inclusão social.
Nelas, os pesquisadores desenvolvem ações que integram a sociedade com a natureza, que valorizam o trabalho da comunidade local, gerando emprego e renda, e que conscientizam as milhares de pessoas que visitam o Projeto todos os meses.
Lívia nasceu em Bariri e sempre estudou em escolas públicas. Fez o ensino fundamental na rede municipal (Julieta Rago Foloni e Eurico Acçolini); e o ensino médio/técnico na Etec Joaquim Ferreira do Amaral de Jaú.
Hoje cursa o 4º ano de bacharelado em Ciências Biológicas na Unesp de Bauru e, depois, deve cursar mais dois anos de licenciatura na mesma universidade.
Em 2021, em uma viagem de campo, esteve em Ubatuba, através da disciplina Biodiversidade de Organismos Aquáticos, sob orientação do professor doutor, Rogerio Costa. Durante a viagem, visitaram o Projeto Tamar.
Lá, ficou sabendo que era possível fazer estágio na Fundação e projetou a extensão universitária. Enviou a documentação necessária para pleitear o estágio durante as férias de janeiro e, este ano, foi selecionada
O estágio tem duração de um mês e as atividades incluem atendimentos no centro de visitantes para propagar educação ambiental; ações dentro do centro de reabilitação, sob orientação de veterinários; além de atividades de campo decorrentes do encalhe de tartarugas nas praias.
Nesses casos, os estudantes vão até o local do encalhe, realizam a biometria do animal e, caso ele esteja saudável, é feito o anilhamento (marcação) para que a tartaruga entre em um sistema de monitoramento, através do registro em uma base de dados. Caso o animal esteja debilitado, é encaminhado para o centro de reabilitação.
Segundo Lívia, a Fundação conta com equipe composta por funcionários e estagiários, cada qual com papel primordial nessa missão tão especial que é a conservação das tartarugas marinhas.
Empenho e aplicação
Em relação à experiência universitária, Lívia diz que tem sido gratificante. “Estar numa universidade pública é oportunidade valiosa e a Unesp de Bauru forma biólogos preparados para os inúmeros campos de trabalho”, comenta
Ressalta que o apoio e contribuição da família permitem que se dedique integralmente ao estudo. “Tem sido uma experiência incrível, por vezes desafiadora, mas gosto de pensar que os melhores soldados são os que enfrentam as grandes batalhas”, relata.
Atualmente, está começando a iniciação científica no Laboratório de Evolução e Diversidade Aquática (LedaLab), sob orientação do professor doutor Sergio Stampar. Nessa pesquisa, vai trabalhar com duas espécies de anêmonas-do-mar, caracterizando as toxinas presentes em suas células. O laboratório tem como principal objeto de estudo os cnidários, que é um grupo animal que inclui as águas-vivas, as anêmonas e os corais.
No que diz respeito à vida profissional, Lívia diz que pretende fazer pós-graduação na área de Biologia Marinha. “Atualmente, muitas discussões tem sido levantadas a respeito dos direitos dos pesquisadores no Brasil”, pondera a estudante.
Comenta que a pesquisa ainda é muito negligenciada no país e que questões como a inclusão dos pós-graduandos na previdência social, por exemplo, ainda vem sendo debatidas em âmbito governamental.
Como a maior parte da pesquisa feita no Brasil ocorre dentro das universidades e os pesquisadores atuam também como professores, Lívia aspira vaga de professora em uma universidade. “A ideia é desenvolver minha pesquisa e transmitir esse conhecimento a outras pessoas, através das aulas”, conclui a estudante baririense.
Em Bariri, exerce trabalho voluntário junto à Associação Focinho Carente, que luta com a precariedade de recursos financeiros e humanos, para manter ações de proteção aos animais.
PROJETO TAMAR

O Centro de Visitantes de Ubatuba tem seis tanques de observação de tartarugas marinhas e recintos com tartarugas terrestres e de água doce (Divulgação)
O Projeto Tamar, criado em 1980, realiza o manejo, conservação e pesquisa das tartarugas marinhas, além de educação ambiental e ações na busca do desenvolvimento sustentável nas comunidades onde atua.
É uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos e fica sediada na Praia do Forte, no município de Mata de São João, Bahia. O nome TAMAR é uma contração das palavras tartaruga e marinha.
Hoje, a Fundação Projeto Tamar possui seis centros de visitantes, entre eles o de Ubatuba/SP, localizado entre o mar e as montanhas, no litoral norte de São Paulo.
Inaugurada em 1991, foi a primeira base instalada em área de alimentação das tartarugas marinhas no litoral brasileiro, tendo como principal objetivo mitigar os efeitos predatórios da pesca sobre esses animais. Está localizada na área central da cidade.
O Centro de Visitantes de Ubatuba recebe, em média, 140 mil pessoas por ano. Conta com infraestrutura de educação ambiental, informação, lazer, com espaços temáticos, tanques e aquários, auditório, espaço para exposições, espaço cultural, loja e lanchonete.
São seis tanques de observação de tartarugas marinhas e mais seis recintos com tartarugas terrestres e de água doce. (Fonte: Site da Fundação Projeto Tamar)