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Beto Gomes e a esposa Marisa estavam com as duas filhas e o genro no lago de Furnas em Capitólio-MG, quando paredão rochoso se desprendeu da encosta do cânion existente no local e desabou. A lancha em que a família fazia o passeio em um dos endereços turísticos mais procurados do Sudeste arrancou assim que o piloto notou a movimentação da rocha, mas também acabou atingida. Quatro membros da família ficaram levemente feridos, mas a mulher teria sofrido uma fratura exposta que exigirá cirurgia — ela foi transferida para hospital em Passos, a 74 km de Capitólio.

Um turista de Jaú (SP) que estava em uma das lanchas atingidas pelo deslizamento de pedra que matou 10 pessoas no Lago de Furnas, em Capitólio (MG), contou que percebeu pequenas pedras caindo antes do desabamento do paredão. O caso ocorreu neste sábado (8).

Ao g1, Michel Leite Neves, de 31 anos, disse que estava na embarcação com quatro familiares, entre eles uma menina de 15 anos, em um passeio turístico pelos cânions.

No local, Michel explica que percebeu pequenas pedras caindo e perguntou ao condutor da lancha se aquilo era normal. O morador do interior de SP diz que não escutou pessoas pedindo para se afastarem por conta do barulho da cachoeira.

Segundo ele, o piloto havia dito que a queda das pedras era recorrente. Porém, pouco tempo depois, Michel relata que outra pedra maior se desprendeu. O piloto da lancha começou a se retirar do local, na tentativa de se afastar.

Nesse instante, Michel afirma que percebeu que o grande paredão havia se desprendido. Entre gritos e mais estilhaços de pedras em queda, a família viveu um momento de tensão. O piloto teve de acelerar para salvá-los do acidente.

“Ele virou o barco porque disse que era melhor a gente sair dali. Mas nesse momento o paredão já estava caindo. A sorte é que o motorista teve essa percepção. A lancha dele era menor e muito rápida e por isso conseguimos escapar”, comenta.

Foto foi tirada durante o trajeto, segundo o morador de Jaú — Foto: Michel Leite Neves/Arquivo pessoal

Foto foi tirada durante o trajeto, segundo o morador de Jaú — Foto: Michel Leite Neves/Arquivo pessoal

Na rápida fuga do local, a lancha em que a família estava trombou em outra. Por conta das batidas, a quantidade de água, e dos estilhaços de pedra Michel disse que tiveram ferimentos leves. A sogra precisou passar por cirurgia, já que teve uma fratura exposta no cotovelo.

Ainda segundo Michel, após o ocorrido, a família foi para o porto com o barco parcialmente destruído e recebeu os primeiros atendimentos em Furnas (MG), de onde a sogra foi transferida para Passos (MG). A família se recupera, mas a sogra ainda terá de passar por uma segunda cirurgia que deve ocorrer em Jaú (SP).

“Foi assustador. Na hora, a gente imagina que está morrendo. Não tem como descrever o sentimento, foi a pior sensação da minha vida. Estamos bem abalados, chocados. É um trauma inexplicável”, relata.

Buscas neste domingo

Segundo balanço divulgado pelo Corpo de Bombeiros na manhã deste domingo, 50 militares estavam empenhados na operação de busca, entre bombeiros militares e militares da Marinha do Brasil.

  • O deslizamento ocorreu por volta de 12h30. Ainda não se sabe o que causou o acidente
  • Quatro embarcações foram atingidas, segundo os bombeiros
  • Dez pessoas morreram. Ao menos 2 seguem internadas
  • Uma equipe de mergulhadores está no local e não há previsão de término das buscas (elas foram suspensas durante a noite e foram retomadas no domingo)
  • 27 pessoas foram atendidas e liberadas
  • A primeira informação dos bombeiros dava conta de 20 desaparecidos, mas o número foi atualizado para 3 logo depois
  • Bombeiros e Polícia Civil estão no local; a Marinha foi acionada e vai investigar a causa
  • Defesa Civil havia emitido um alerta sobre chuvas intensas na região com possibilidade de “cabeça d’água”; Marinha também investiga por que os passeios foram mantidos.

*Sob supervisão de Carlos Henrique Dias

Fonte: G1