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Abelardo Mauricio Martins Simões Filho – “Faz 20 anos que vieram as últimas grandes empresas para Bariri. Quando a pessoa tem dignidade e emprego, pode caminhar com as próprias pernas e ficar menos dependente do poder público”

 

 

Estreante na política, o empresário Abelardo Mauricio Martins Simões Filho (MDB), Abelardinho, é o segundo entrevistado pelo Candeia na série com os candidatos a prefeito de Bariri. A gravação da entrevista foi feita na manhã de terça-feira (20) no auditório da Associação Comercial e Industrial de Bariri (Acib). Abelardinho foi ao local acompanhado do candidato a vice, Luis Fernando Foloni (Cidadania). Na conversa de 30 minutos, o candidato diz que tem como prioridade criar um projeto de desenvolvimento econômico para Bariri. Outra medida comentada por ele é o combate à corrupção no município. A entrevista na íntegra pode ser conferida na página do Facebook do Candeia a partir das 10h deste sábado (24).

 

Candeia – Por que decidiu candidatar-se ao cargo de prefeito de Bariri?

Abelardinho – Decidi ser candidato a prefeito de Bariri para cuidar de nossa cidade, cuidar da nossa população. Assim como muitos, também estou desacreditado da nossa política. A gente vem passando por momentos muito difíceis e percebemos 20 anos de recessão em nossa cidade. Estou candidato para fazer diferente, para mudar e fazer parte da nossa história com bons exemplos, trazendo a nossa família e resgatando os valores que estão esquecidos em nosso município. Gostaria de ser prefeito para cuidar e zelar pela minha cidade. Há muito tempo a gente não vê um prefeito administrando com amor, com zelo, mas pessoas cuidando do próprio umbigo. Precisamos mudar isso na política. Converso com as pessoas e sinto que elas estão completamente desamparadas e esquecidas. Não querem ouvir falar de política porque estão muito descrentes. Tenho muita esperança e acredito nas pessoas e no povo de Bariri. Minha maior motivação é cuidar da cidade e ser um prefeito do povo. Fazemos parte de uma transição de geração e gostaria que essa geração fosse passada adiante com muita alegria. Os altos da cidade são uma nova cidade, e os moradores estão esquecidos, não existe um projeto para cuidar daquela população. Não há um pronto-socorro perto, não há uma casa lotérica, não há atendimento da prefeitura próximo.

 

Candeia – Dos candidatos a prefeito, você é o único que não tem histórico político. Em sua opinião, esse é um fator favorável ou contrário à sua candidatura?

Abelardinho – Com certeza, favorável. Como nunca participei de eleições, não trago vícios que outros candidatos têm. Tudo o que foi feito de bom e de ruim tem de ser deixado no passado. Vamos escrever uma nova página de Bariri e ter a população ao nosso lado, governando junto. Esse ponto é favorável e mostro esse ponto favorável de não ser político com boas ações e boas intenções. Mesmo não tendo participado da política, sou um cidadão atuante. Já fui muitas vezes para Brasília e para São Paulo e temos ótimo relacionamento com os deputados amigos de Bariri, a exemplo de Arnaldo Jardim, Baleia Rossi, Itamar Borges, Jorge Caruso, Fernando Cury. Com esse bom relacionamento, conquistamos mais de R$ 2 milhões para a cidade em emendas parlamentares. Pudemos assistir entidades como a Apae, Focinho Carente, Santa Casa, entre outras. Pude fazer muita coisa mesmo sem ser político.

 

Candeia – Se eleito, quais as primeiras ações relacionadas ao desenvolvimento econômico de Bariri?

Abelardinho – Em nossas visitas às casas, em que estamos tomando todas as precauções sanitárias necessárias, o maior clamor é por emprego. Bariri está muito carente e não tem projeto de desenvolvimento econômico há muitos anos. Faz 20 anos que vieram as últimas grandes empresas para Bariri. Através do desenvolvimento e da geração de emprego, podemos construir uma família. Quando a pessoa tem dignidade e emprego, pode caminhar com as próprias pernas e ficar menos dependente do poder público. O incentivo às empresas que já estão instaladas no município é prioridade. Sou empresário e tenho uma fábrica de salgados congelados, gerando empregos no município. Sei das dificuldades que o pequeno e o médio empresários têm com relação à falta de apoio da prefeitura. Se o poder público estiver próximo dos empresários, eles poderão gerar mais oportunidades. Tenho visitado empresas na cidade e elas poderiam estar gerando mais empregos na cidade. Um empresário que visitei disse que se ele tivesse um pouco mais de espaço poderia passar de 100 empregos diretos para 150 ou 180. Também é preciso unir educação com desenvolvimento, com capacitação das pessoas por meio de cursos profissionalizantes. Assim, os jovens terão oportunidades no futuro. Se há 15 anos tivéssemos plantado uma semente e utilizássemos o Sesi e o Senai da forma correta, hoje estaríamos colhendo mais frutos, e os jovens estariam tendo mais oportunidades.

 

Candeia – Pretende manter a intervenção na Santa Casa e, em caso positivo, de que forma?

Abelardinho – A Santa Casa é um tema muito delicado. Sendo eleito, vou trabalhar todos os dias para cuidar da Santa Casa e mantê-la de portas abertas. Manter a intervenção é um assunto delicado. Do meu ponto de vista, isso foi feito de forma errada. Teremos de analisar a melhor forma de, aos poucos, ir deixando essa intervenção de lado. Não é sadio para a entidade e nem para o município ter a intervenção na Santa Casa, porque com isso é feita política dentro do hospital. Sou voluntário da Apae e vejo como é complicado ter a prefeitura mandando ali dentro. Isso não pode existir. A entidade tem de caminhar com as próprias penas. Pretendemos incentivar a Santa Casa a resgatar os voluntários que existiam. Hoje ninguém quer ser irmão da Santa Casa. Vemos um hospital abandado, que não tem nem lençol para atender aos munícipes. Vemos uma Santa Casa em que a pessoa entra com vida e sai sem. Há um mau atendimento e não porque existem maus funcionários – e lá há excelentes funcionários –, mas porque não são motivados. Pretendemos lutar por incentivos a esses profissionais, não só na Santa Casa, mas como em toda a prefeitura. Temos um funcionalismo hoje completamente desmotivado e desgastado por falta de bom exemplo. Precisamos nos amparar em Brasília e em São Paulo para atrair mais recursos para essa entidade e fazer com que caminhe com as próprias pernas.

 

Candeia – Em seu plano de governo constam o fortalecimento da saúde preventiva, o atendimento por médico até as 22h na ESF 2 (unidade da Avenida Padre João Eid) e a instalação de Samu em Bariri. Com os recursos existentes na prefeitura hoje isso é possível ou será preciso buscar recursos estaduais e federais?

Abelardinho – Com os recursos existentes na prefeitura não é possível, só que temos muita esperança e vontade de trabalhar. Se fecharmos as torneiras existentes dentro do município e acabar com a corrupção existente há 20 anos em Bariri, irá sobrar dinheiro em caixa. Hoje vemos muita torneira aberta e muito leitãozinho mamando nas tetinhas. Vamos atuar com seriedade, com honestidade, com caráter e força de vontade para trabalhar pelo município. A máquina está inchada e não há dinheiro extra que aguente contratações e concursos novos. Mas há muita gente jovem querendo trabalhar e não tem oportunidade por culpa e fruto de más administrações anteriores. O combate à corrupção é o primeiro passo para poder fazer sobrar dinheiro na saúde e em outras áreas também. Em todos os campos da prefeitura a gente vê corrupção e temos de acabar com isso. Aí, com certeza irá sobrar (dinheiro). Hoje temos vergonha de falarmos que somos de Bariri pelos últimos episódios que aconteceram. O postinho verde é um sonho de toda a população. Quando o Gonzaga (Luis Gonzaga Febraro) ganhou a eleição, ele colocou aquele posto para funcionar até 22h porque teve coragem e vontade de fazer. Tenho certeza de que teremos dificuldades financeiras, mas vamos conseguir colocar. No Bairro do Livramento também temos de dar uma assistência digna e fazer funcionar esses dois postos, nos dois extremos da cidade.

 

Candeia – A ideia é uma descentralização do serviço de atendimento de atendimento médico, principalmente de urgência e emergência?

Abelardinho – Isso, a ideia é desafogar o pronto-socorro central, que atende a cidade toda. Precisamos descentralizar. É muito longe para quem mora no Jardim Esperança 2, no Jardim Santo André 1 e 2 ir ao pronto-socorro central. Gastamos mais com ambulância e com transporte, e é horrível nosso transporte e não é digno para a população. Temos de colocar a saúde perto do povo. Nossa cidade cresceu muito e não temos transporte coletivo e uma ambulância digna para levar a população. Temos de enxugar e parar de pensar no próprio umbigo, mas pensar na população. O Samu é um sonho que pode se tornar realidade. É caro para o município ter um Samu, só que hoje não temos o Samu e nem mesmo um resgate para o Corpo de Bombeiros. Onde já se viu os bombeiros fazerem um resgate com um caminhão daquele tamanho. É preciso ter um carro mais compacto. Se não tivermos um Samu, vamos lutar para ter um resgate. Existem meios para isso porque temos bons relacionamentos e quero cultivá-los e aumentá-los cada vez mais. Cito o prefeito Marcos Bilancieri, de Boraceia, que tem bons relacionamentos com inúmeros deputados. Dizem que fico me amparando nos deputados e recebi críticas por isso: que fico atrás de deputados e não fico atrás da cidade. A cidade é o meu primeiro passo. Vou atrás do deputado para a nossa cidade crescer. Não fazemos campanha para deputado em vão, mas para que tenhamos um ombro amigo e um amparo na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados. Precisamos acabar com brigas e ter mais união. Quando acabar essa eleição quero cultivar meu bom relacionamento com um candidato e com o outro da oposição e atrair essa oposição para perto de mim. Dizem que temos muitas pessoas que não são do nosso grupo perto de nós, muitos grupos rivais perto. Tenho muito orgulho de ter essas pessoas amparando a gente. Tenho muito orgulho de ter o PSL, o PDT e o Cidadania ao meu lado e o MDB me amparando e cuidando de mim. Com a união chegaremos lá, o novo está aqui para fazer diferente. Não é porque há pessoas velhas de política perto da gente que há demérito nisso. Pelo contrário. Tenho orgulho de ter pessoas do meu lado que estão acreditando no meu potencial e no meu projeto para Bariri. Tenho dois filhos pequenos e o futuro dessa cidade são as crianças. Quero ajudar a construir um futuro para daqui 10 anos, 15 anos ou 20 anos para Bariri.

 

Candeia – O gasto com o funcionalismo está no limite na prefeitura, mas há necessidade de contratação de funcionários para alguns setores. Como pretende equacionar essa questão?

Abelardinho – O combate à corrupção é o primeiro passo. A máquina está inchada e sobrecarregada e existe o limite prudencial de contratações. Isso ocorreu porque sempre foi feito de forma errada, pensando sempre na política e manter pessoas ao lado do poder por política e por voto. Enquanto favorecermos os amigos do rei, não vai funcionar. É um processo a ser trabalhado em médio e longo prazo, incentivando o funcionalismo a trabalhar mais, valorizando os profissionais de cada setor, motivando a cuidar da nossa cidade. Novos cargos e novas contratações são uma questão difícil. Não há promessas em nosso governo e não estamos prometendo cargos como foi feito anteriormente. A ideia é fazer o funcionário trabalhar como numa empresa privada. Na iniciativa privada as pessoas se dedicam porque têm receio de perder o emprego. O funcionalismo público deve ser encarado da mesma forma. Por isso vamos trabalhar bastante com a motivação dos profissionais. Aumentando a capacidade e a vontade de trabalhar das pessoas, vai sim ter um serviço de qualidade e vamos conseguir suprir as necessidades do município.

 

Candeia – Com a pandemia da Covid-19, houve comprometimento na aprendizagem de muitos alunos. Como recuperar o ano de 2020 em 2021?

Abelardinho – É um assunto muito delicado. Essa pandemia veio para transformar o mundo. Tive oportunidade de morar fora do Brasil, morei na Europa e nos Estados Unidos e tenho muitos amigos lá fora. Estou vendo a dificuldade que eles estão tendo, assim como nós no Brasil. A educação é a base de tudo e o futuro das novas gerações. Com certeza, será uma prioridade. No próximo ano ainda vão ficar sequelas dessa pandemia. Não será fácil sanar esse problema. Estamos vendo as dificuldades dos professores em casa para se reinventarem e se transformarem todos os dias, dando um ensino de qualidade para os alunos. A dificuldade é muito grande dos professores. O incentivo e a colaboração dos pais serão prioridade, trazendo-os para perto da escola. A Associação de Pais e Mestres (APM) será um incentivo muito grande, assim como os conselhos. Só o Executivo não irá conseguir, é preciso muita união. Precisamos ter o amparo da população, de todos os professores e pais desses alunos. Hoje, vemos a falta de internet em muitas casas. O Jornal Candeia publicou matéria em que 13% dos alunos não têm internet. A prefeitura terá de fazer com que a lei que passou na Câmara seja sancionada pelo prefeito. Hoje todos têm um telefone celular em mãos, e o mundo precisa utilizar a tecnologia. Na Saúde, temos uma proposta de informatização. Também pretendemos informatizar a Educação, com informações na palma da mão.

 

Candeia – Como resolver o problema da falta de água em Bariri e como pretende aumentar a reciclagem e a coleta seletiva no município?

Abelardinho – A questão da água nos preocupa há muitos anos. É preciso fazer um projeto a longo prazo. Precisamos cuidar dos nossos mananciais e uma solução em curto prazo é a perfuração de poço profundo na ETA (Estação de Tratamento de Água). Uma preocupação muito grande é que 49% da água produzida no município se perde antes de chegar na torneira. É preciso sanar essas válvulas de escape, seja por um gato, falta de manutenção, manilha quebrada. Sobre a coleta seletiva, vemos muitos catadores de reciclagem. Temos de dar um amparo a eles e dar um incentivo para se reunirem e darem destino ideal para esse valor e retirar de dentro da casa deles, porque se trata de saúde pública.

 

Candeia – Suas considerações finais.

Abelardinho – Essa oportunidade de conhecer e expor nossas ideias e ter esse carinho e essa receptividade que estamos tendo nas casas e nas visitas, é um momento ideal de agradecer. Temos vontade de trabalhar para a população. Eu e meu vice, Fernando Foloni, estamos à disposição da população. Tenho orgulho de ter ao meu lado um vice como o Fernando Foloni. É uma pessoa do bem que teve seu projeto em Bariri, foi presidente da Câmara e sempre fez por Bariri. Entrou e saiu da política ileso de tudo. Você nunca ouviu falar do Fernando em escândalos de corrupção, em passar a perna em alguém. Acreditem em nós, dêem um voto de confiança porque estamos prontos para vocês. Eu e o Fernando vamos cuidar de toda a população baririense. E não há briga entre a gente e se um dia tiver briga vocês me cobrem. Podem ter certeza de que serei o primeiro a pedir para sair.