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Sessão de segunda-feira, dia 6, foi marcada por discursos cobrando posicionamento dos vereadores de forma indireta

 

Da Redação

 

Os discursos dos vereadores que utilizaram a Palavra Livre na sessão da Câmara de segunda-feira (6) foram no sentido de cobrar dos colegas, de forma indireta, um posicionamento firme em relação ao processo de cassação ou não do mandato do prefeito Abelardo Maurício Martins Simões Filho (MDB). A sessão que irá tratar do assunto foi marcada para as 18h de terça-feira (14).

Inicialmente, quem fez uso da palavra foi a vereadora Myrella Soares da Silva (União Brasil). Ela disse que existe um anseio da população sobre os destinos da administração do município, mas que é preciso cumprir os ritos e a burocracia existentes. Falou que no momento adequado irá se pronunciar sobre o caso.

Francisco Leandro Gonzalez (Podemos) utilizou a Palavra Livre por mais tempo (15 minutos regimentais e aparte dado por Myrella).

Exibiu trecho de depoimento dado ao Ministério Público (MP) por Flávio Coletta, que ocupou os cargos de chefe de Gabinete e de diretor municipal de Desenvolvimento Econômico no atual governo.

Segundo Gonzalez, Flávio foi evasivo nas perguntas feitas pelo promotor de Justiça Nelson Aparecido Febraio Júnior e tentou atribuir ao Setor de Licitações as falhas na licitação e contrato firmados entre a Prefeitura de Bariri e a empresa Latina Ambiental.

O vereador destacou que Flávio era o coordenador de campanha e é amigo de Abelardo.

Em seguida, ele fez menção a Márcio Nascimento, exonerado da Diretoria Municipal de Obras por recomendação do MP. Gonzalez afirmou que o prefeito mentiu em entrevista coletiva ao dizer que Nascimento e Claudenir Rodrigues (Fredy) haviam pedido exoneração por motivos pessoais, o último era diretor municipal de Infraestrutura.

No fim de seu discurso, o vereador elogiou o trabalho da Comissão Processante e comentou que Bariri poderia conhecer de existe algum político “banana” no município, fazendo menção à sessão de votação da terça-feira (14).

 

Merenda

 

O discurso mais inflamado da noite foi do vereador Edcarlos Pereira dos Santos (PSDB). Afirmou que os vereadores precisam saber o papel que devem exercer e não serem bajuladores do prefeito.

Acrescentou que o MP fez toda a investigação e que essa tarefa caberia também ao Legislativo. Relatou, ainda, que os vereadores têm até o fim de 2024 para honrar o mandato.

Para Edcarlos, os vereadores devem olhar para o futuro da cidade e não para negócios próprios. Criticou a suposta ingerência feita pelo Executivo na tentativa de impedir a cassação do mandato do prefeito.

Sobre o comentário da defesa de Abelardo de que a cassação seria um ato antidemocrático, o vereador assinalou que a própria legislação dispõe de dispositivos para retirar governantes do cargo, caso haja irregularidades na condução da administração pública.

O último vereador a se pronunciar foi o presidente da Casa, Airton Luis Pegoraro (MDB).

Disse que iria focar o discurso no que os funcionários de carreira relataram ao MP, a maior parte dos depoimentos incriminando o prefeito.

Para ele, a atual legislatura da Câmara tem uma maturidade que nunca teve. Discordou de Edcarlos ao afirmar que no passado o Legislativo fez vistas grossas a casos de corrupção no município.

Outro ponto mencionado por Pegoraro é que há uma demora demasiada da prefeitura em responder a um requerimento de sua autoria de 2 de maio deste ano sobre o contrato com a empresa Sunny, fornecedora da merenda escolar, renovações e aditamentos.

Pegoraro disse que dos cinco volumes do processo, dois sumiram e depois reapareceram. Entende que deveria ser aberto processo administrativo e elaborado boletim de ocorrência para apurar o sumiço dos documentos.

Para o vereador, tal situação configura abertura de novo pedido de cassação, também com base no Decreto-Lei nº 201, de 1967: “desatender, sem motivo justo, as convocações ou os pedidos de informações da Câmara, quando feitos a tempo e em forma regular”.