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Há sete meses, Marisa Macorin atua de forma voluntária como treinadora do voleibol de Bariri (Fotos Divulgação)

Sob orientação de Marisa, as equipes de vôlei Sub 21, masculino e feminino de Bariri tiveram bom desempenho nos Jogos Regionais

Nos 66º Jogos Regionais de Botucatu, Bariri foi representado por uma única modalidade: voleibol Sub-21, masculino e feminino. E não fez feio. Ao contrário, brilhou muito. Em especial o feminino, que terminou a competição em 5º lugar, entre 16 equipes. O problema é que esse desempenho não resultou de política pública efetiva de valorização dos esportes. Foi, na verdade, fruto da abnegação da treinadora e dos atletas, que defenderam o nome da cidade, com apoio mínimo do poder público. Para se ter uma ideia, Marisa Aparecida Macorin exerce de forma voluntária o cargo de treinadora das equipes de vôlei de Bariri. Após a contratação do antigo treinador ser suspensa, Marisa aceitou assumir o cargo, inicialmente remunerado, mas depois sem pagamento. A situação era para ser temporária, mas se arrasta há 07 meses. A Diretoria de Esportes, criada no final de 2023, ainda não tem titular nomeado. Em entrevista ao Candeia, Marisa comenta como se envolveu no projeto de voleibol de Bariri; as atividades, situação atual e perspectivas do projeto; fala sobre a participação dos atletas do voleibol de Bariri no Jogos Regionais; e relata a precariedade, as dificuldades e desafios do esporte em Bariri. A entrevista dessa excelente desportista deve servir de parâmetro aos candidatos a prefeito e vereadores de Bariri nas próximas eleições, quando o tema for esportes.

Candeia – Como você se envolveu com o projeto de voleibol em Bariri?
Marisa Macorin – Em junho de 2023 o então professor Luís Carlos Rigobelo, responsável pelo voleibol em Bariri, precisou se afastar por questões pessoais e me convidou a ocupar seu cargo de treinador. Tínhamos próximo os Jogos Regionais e este já foi de cara o meu primeiro e grande desafio à frente da equipe, sendo que acumulava a responsabilidade de técnica com a função de jogadora. No ano passado conquistamos a medalha de bronze nos Jogos Regionais na categoria de voleibol feminino livre. A partir daí, me senti motivada a iniciar um trabalho no masculino, aproveitando jovens que já faziam parte das escolinhas que eram realizadas durante a semana. Convidamos jovens com idade inferior a 21 anos e assim demos início a equipe Sub-21 masculina. Em 2024 houve a desvinculação entre os setores de Esporte e Educação. Como era incerto o destino que seria dado para o esporte, resolvi continuar com os trabalhos de forma voluntária. O tempo foi passando e a procura de jovens pela modalidade foi aumentando, assim acabamos começando trabalho de base também no feminino Sub-21.

Candeia – Quais as atividades ligadas ao projeto?
Marisa Macorin – Hoje temos treinamento para jovens abaixo de 21 anos na modalidade voleibol feminino e masculino (idade mínima 12 anos). Nos treinos trabalhamos um pouco a parte física, fundamentos da modalidade e situações de jogo. Havendo possibilidades, marcamos alguns amistosos. São treinamentos realizados durante a semana e aos finais de semana. Sou a professora responsável e, quando possível, tenho a ajuda de alguns estagiários da prefeitura que também compõem a equipe que representa o município. Os treinos são na quadra do Clube Municipal. Participamos recentemente dos Jogos da Juventude e Jogos Regionais, onde a idade mínima dos atletas é de 15 anos. No segundo semestre, a Secretaria Estadual de Esportes tem em seu calendário a 8ª Copa de Voleibol do Estado de SP, evento este que também pretendemos participar.

Candeia – Qual a situação atual do projeto?
Marisa Macorin – Contamos com cerca de 50 jovens que participam dos treinos. Treinamos durante a semana e aos finais de semana. Utilizamos material fornecido pela Prefeitura e Setor de Esportes, mas às vezes preciso levar de casa ou comprar com recurso próprio alguns materiais que julgo ser necessário. Obtivemos patrocínios de empresários da cidade para confecção de uniformes de treino e de jogo. Dependemos da prefeitura para custear viagens e alimentação para disputar competições e amistosos, o que nem sempre é possível. O fato de não termos recursos financeiros é o principal entrave para que o projeto atinja patamares maiores. Não entramos em nenhuma liga, por exemplo, e isso acaba prejudicando o tempo de evolução dos atletas. Estamos trabalhando sem recursos suficientes e disputando horário para treinos na única quadra que o município dispõe. Mas seguimos firmes e unidos no propósito de levar o melhor que pudermos para nossos jovens.

Candeia – Como analisa a participação do voleibol de Bariri nos Jogos Regionais de Botucatu?
Marisa Macorin – Tivemos um bom desempenho, principalmente com a equipe feminina que conquistou a 5ª colocação entre 16 equipes. No masculino eram 19 equipes na disputa, fizemos bons jogos contra Lins e Jaú, cidades com bastante tradição e que vêm investindo na base há alguns anos, mas não passamos da fase de grupos. Os Jogos Regionais é a segunda maior competição esportiva do Estado, ficando atrás apenas dos Jogos Abertos. As categorias de base servem como celeiro para vários atletas que almejam o profissional. Tivemos atletas das duas equipes que despertaram interesse de outras cidades e receberam convites para fazer testes. Considero um bom resultado levando em conta as adversidades que encontramos ao longo do tempo, problemas com falta de material, local e horário para treino, incerteza se iríamos participar ou não. Perante tudo o que passamos ao longo desses 11 meses, estou muito feliz com a evolução técnica deles, com o crescimento do conjunto e com a garra que defenderam a camisa da cidade, mostrando a todos que estamos cada vez mais fortes e unidos.

Candeia – Qual sua expectativa a partir de agora, em relação ao projeto? Em sua opinião, o que pode ser feito?
Marisa Macorin – Acredito que o esporte de base seja primordial na formação do ser humano. Além da promoção da saúde e a construção de valores éticos e morais, o esporte melhora na concentração e foco e ainda traz a sensação pertencimento, integração, valores e momentos que o jovem levará para toda a vida. Não sei qual será o futuro do esporte da cidade. Por enquanto continuo dando os treinos e buscando competições para que participem e ganhem cada vez mais experiências. Enquanto puder continuarei à frente do vôlei. Mas ainda há muito para se fazer. Precisamos de mais investimentos em materiais que vão além de bolas e redes. Bariri não possui praças esportivas suficientes para abranger diversas escolinhas e proporcionar o lazer à população. Precisamos de professores capacitados. É necessário um olhar carinhoso para a prática esportiva. Estamos cansados de ver o esporte ser jogado de um lado para o outro como se fosse algo sem importância. A prática esportiva caminha lado a lado com a promoção da saúde. Enfim, precisamos de políticas públicas que promovam a prática esportiva, seja para saúde e lazer, seja para formarmos futuros atletas que levem adiante o nome de nossa cidade.

SAIBA MAIS SOBRE A TREINADORA DE VOLEIBOL
Apesar de ser formada em licenciatura plena em Educação Física, pela Unesp-Bauru/SP, Marisa Aparecida Macorin, 39 anos, exerce pouco a profissão de professora, uma vez que é bancária há 17 anos. Antes da pandemia, deu aulas de jump, step, zumba e treinamento funcional em academia.
Pratica esportes desde adolescente. Aos 12 anos, em 1997, participou pela primeira vez dos Jogos Regionais. Por vários anos, integrou a equipe de Xadrez de Bariri em competições regionais, estaduais e brasileiro.
Em 2015, com o retorno dos trabalhos do voleibol feminino em Bariri, Marisa se destacou como jogadora, o que lhe abriu as portas para representar também cidades da região, como Jaú, Barra Bonita e, mais recentemente, Areiópolis.
Em junho de 2023, surgiu a oportunidade de ser treinadora de voleibol de Bariri, através de convite feito pelo então professor Luís Carlos Rigobelo.