Carlos Alexandre Polonio
“A lista de males causados pelo cigarro é extensa e assustadora, afetando todas as partes do corpo”
A quarta-feira, dia 29, é o Dia Nacional de Combate ao Fumo. Criada em 1986, pela lei federal 7.488, a data inaugura a normatização voltada para o controle do tabagismo como problema de saúde coletiva. Para o médico Carlos Alexandre Polonio, o tabaco provoca uma série de males para quem acende o cigarro e também para quem está ao lado e aspira a fumaça (fumante passivo). Segundo ele, a principal arma para quem quer deixar o tabaco é a força de vontade. São importantes ainda medidas medicamentosas e grupos para terapia antitabaco. Polonio é médico cirurgião torácico, formado pela Faculdade de Medicina de Botucatu. Ele atua no serviço de cirurgia torácica do Hospital Amaral Carvalho, em Jaú, e é o médico responsável pelo serviço antitabagismo da unidade de saúde, chamado Amaral Sem Cigarro.
Candeia – Quais os principais males causados pelo cigarro e que partes do corpo o tabaco mais afeta?
Polonio – A lista de males causados pelo cigarro é extensa e assustadora, afetando todas as partes do corpo. Dentre os malefícios do cigarro podemos citar alguns como: irritação e inflamação de olhos, garganta e vias aéreas, aumento da pressão arterial e frequência cardíaca; doenças coronarianas como angina do peito e infarto do miocárdio; má circulação nas pernas; impotência sexual; derrame cerebral; cânceres de boca, faringe, laringe, pulmões, esôfago, estômago, bexiga, rim, útero; doenças respiratórias como enfisema pulmonar e bronquite crônica; rugas e celulite; escurecimento dos dentes; mau hálito; inflamação da gengiva; infertilidade; risco de aborto e filhos prematuros e com baixo peso.
Candeia – Como o cigarro atua quimicamente no organismo?
Polonio – A fumaça inalada pelo cigarro libera cerca de 4.720 substâncias tóxicas, chegando aos pulmões e posteriormente para o sistema circulatório e entre 7 e 9 segundos chega ao cérebro. Atinge os receptores nicotínicos e desta forma libera substâncias neurotransmissoras que produzem sensação de bem estar e tranquilidade.
Candeia – Se o cigarro traz tantos prejuízos, porque as pessoas começam a fumar?
Polonio – Elas começam a fumar por influência dos pais, amigos e professores, enfim, em seu meio social, com a falsa imagem de que lhes trarão poder, influência e soberania.
Candeia – O que causa a dependência do cigarro? Porque é tão difícil parar de fumar?
Polonio – A principal substância responsável pela dependência do cigarro é a nicotina (dependência física), mas temos também a dependência comportamental, que se caracteriza pela rotina associada ao uso do tabaco, o que dá a falsa impressão de que com o cigarro tudo fica melhor, sendo assim a dificuldade em parar de fumar.
Candeia – Que prejuízo sofrem os fumantes passivos?
Polonio – Eles correm tanto risco como os dependentes do cigarro e muitas vezes até mais que o próprio fumante. Na realidade não importa quem acendeu o cigarro, o que interessa é quem inala a fumaça. Os fumantes passivos também desenvolvem doenças pulmonares como asma ou bronquite, doenças cardiovasculares, cânceres, além de dificuldade de aprendizado e concentração em crianças.
Candeia – Que orientações o senhor dá para quem quer deixar o vício do cigarro e encontra dificuldades?
Polonio – A principal orientação para deixar o cigarro é a força de vontade, mas há também medidas medicamentosas que irão auxiliar à parar o cigarro. Também outra medida de grande valia são grupos para terapia antitabaco.
Candeia – Em sua opinião, as campanhas veiculadas na mídia têm surtido resultado no combate ao tabagismo?
Polonio – Sim, principalmente com a criação da lei proibindo o fumo em locais como bares e restaurantes, colocação de publicidade em outdoor e até mesmo no maço do cigarro mostrando os malefícios e consequências do mesmo.