
“A pessoa que vai tomar uma atitude simplesmente por motivo político sem pensar no interesse da cidade fatalmente vai ser cobrada pelo seu eleitor” (Alcir Zago/Candeia)
A Câmara de Bariri realizou na segunda-feira (2) a última sessão ordinária da atual legislatura, iniciada em janeiro de 2021. O presidente do Legislativo municipal, Airton Luis Pegoraro (Avante), avalia esse período como positivo e que o momento mais tenso foi o processo de cassação do então prefeito Abelardo Maurício Martins Simões Filho em novembro do ano passado. Na entrevista, Airton Pegoraro comenta também a respeito da maior exposição dos vereadores e em geral dos agentes públicos por causa das redes sociais. Segundo ele, isso é positivo porque aumenta a cobrança pelo eleitor. A própria Câmara tem um canal no Youtube que transmite as sessões e eventos do Legislativo. Além disso, a imprensa tem dedicado maior espaço à cobertura da Câmara.
Candeia – Que balanço o senhor faz da atual legislatura da Câmara Municipal?
Airton Pegoraro – Considero que a legislatura foi muito boa, de uma forma geral a maior parte dos vereadores foi bastante atuante, então foram muito prolíficos esses quatro anos de mandato.
Candeia – Uma novidade é a questão das emendas impositivas…
Airton Pegoraro – Sim, é algo que começou na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa e acabou vindo para as câmaras municipais. É uma coisa interessante que permitiu algo a mais para o vereador. No caso de Bariri, R$ 330 mil foi o valor que cada vereador pôde repassar para as entidades; é um montante considerável.
Candeia – Qual sua avaliação do período em que presidiu o Legislativo municipal?
Airton Pegoraro – Foi um período bastante tranquilo. Algumas coisas fizemos a fim de adequar a Câmara para a legislação. Certas mudanças foram feitas, inclusive a pedido do jurídico da Câmara. A parte mais estressante foi o processo de cassação do prefeito.
Candeia – Ia perguntar sobre isso: você considera o momento mais tenso justamente processo de cassação do então prefeito Abelardo em novembro do ano passado?
Airton Pegoraro – Acredito que foi um período de muita pressão perante a população. Houve pressão política também, a questão jurídica, pressão de advogado, então foi bastante tenso, mas graças a Deus a gente conseguiu encerrar o caso em bom termo.
Candeia – Como analisa a exposição cada vez maior do vereador por causa da presença das redes sociais?
Airton Pegoraro – Eu acho bastante importante, uma vez que nós estamos lá representando a população. Então, essa exposição nada mais é do que apresentar o que esse vereador está fazendo. As redes sociais vieram para ajudar nesse ponto, porque dificilmente a pessoa sai da casa dela para assistir à sessão, mas uma vez tendo a possibilidade de acompanhar a sessão no seu aparelho de celular e assistir a hora que quiser fica muito mais fácil.
Candeia – Antes era comum o vereador ser de situação ou oposição. Hoje o posicionamento depende muito do tipo de projeto, do tipo de matéria a analisar. Isso tem a ver com as redes sociais?
Airton Pegoraro – É o correto, eu acho que o vereador ficou bastante exposto. Por isso, a pessoa que vai tomar uma atitude simplesmente por motivo político sem pensar no interesse da cidade fatalmente vai ser cobrada pelo seu eleitor. Creio que isso veio de bom para a política, não existe essa coisa de oposição e situação. Se o prefeito é de um lado, vou votar sempre contra, isso não existe. Acho que a pessoa tem de votar o que é bom para o município, ela está lá para isso, inclusive durante essa administração, mesmo com todos os problemas que houve, praticamente todos os projetos que foram para a câmara foram aprovados. Além disso, todas as vezes em que foi solicitada uma sessão extraordinária para votar alguma coisa específica nunca foi negada.
Candeia – A partir de janeiro você assume o cargo de prefeito. Acredita que essa experiência no legislativo, por duas legislaturas, permite um diálogo melhor com os vereadores?
Airton Pegoraro – Eu acredito que sim, porque nada melhor do que você estar realmente na prática e não somente na teoria. Assumi como presidente da Câmara no meu segundo mandato, me deu mais maturidade, tem mais condições de você ver as coisas como funcionam, você trabalhar de forma mais autônoma sem se deixar levar por pressões ou interesses. Acho que, em relação entre Executivo e Legislativo, vai ajudar esse relacionamento.
Candeia – A partir de janeiro haverá uma nova composição na Câmara Municipal, uma renovação muito grande. Como você espera a atuação desses vereadores?
Airton Pegoraro – Eu acho tranquilo. Tem duas coisas: quando você começa a trabalhar, primeiro você tem uma gana muito maior, às vezes falta um pouco de experiência. Daqui a pouco está normalizado e vai trabalhar de uma forma satisfatória para o município. Da minha parte, sempre vai haver diálogo entre Executivo e Legislativo.