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Economista afirma que região precisa definir investimentos

26 out, 2019

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Paulo Afonso

“Grandes investimentos não se resumem à doação de terrenos. Isso foi no passado”

Assim como o Brasil em geral, a indústria na região de Jaú vem contabilizando quedas constantes no saldo de empregos. Para o economista e educador financeiro Paulo Afonso, apesar de os setores comercial e de prestação de serviços começarem a reagir, a indústria não acompanha essa virada de curva devido a problemas estruturais enfrentados pelo País. Segundo Paulo Afonso, a região precisa definir os investimentos que quer e criar condições para isso. Ele chama a atenção para o bom desempenho de São Carlos, que deve ser analisado. Paulo Afonso é professor doutor nas Faculdades Integradas de Jaú, professor orientador MBA Pecege – Esalq – USP, pós-graduado em Finanças (FIB-Bauru), MBA em Agronegócios e Agroenergia (Esalq-USP), doutor pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e consultor em Gestão e Finanças. Leciona as disciplinas de economia, economia brasileira, geopolítica e redação científica.

Candeia – Levantamento do Ciesp mostrou uma queda de 1.650 postos de trabalho na indústria da região de Jaú em setembro. No ano a queda é de 2.600 vagas. Qual a razão desse mau desempenho?
Paulo Afonso – Conforme dados da Confederação Nacional da Indústria, a demanda aos poucos volta a reagir e crescer, mas apenas os serviços e o comércio estão crescendo. A atividade industrial não está acompanhando esse crescimento. Ainda que a liberação do FGTS tenha efeito positivo no consumo das famílias, seu efeito sobre a atividade industrial deve seguir limitado. O País precisa de reformas estruturais que impactem de forma concreta no custo-Brasil. Perdemos competitividade nos mercados interno e externo por conta das adversidades como logística ineficiente, tributação onerosa, excesso de burocracia e elevado custo de capital. Com esse cenário, vendemos menos e, consequentemente, a produção da indústria é menor.

Candeia – O maior problema na queda de vagas reside no setor de artefatos de couro e calçados. Que análise o senhor faz da indústria calçadista em Jaú e na região?
Paulo Afonso – Com relação à indústria calçadista de Jaú, uma coisa é certa: existe a vocação da região para atividade da produção de calçados e a proximidade de fornecedores e mão de obra especializada são fatores que seriam difíceis de encontrar em outro lugar. O nível de emprego industrial em setembro para o setor de artefatos de couro e calçados apresentou queda em todo Estado de São Paulo, como nas regionais de Bauru (-8,18), Botucatu (-1,79), Araçatuba (-1,44), Franca, que é um polo muito forte do calçado (-0,63), Presidente Prudente (-2,65). A regional de Jaú foi um ponto fora da curva (-31,01). Isso mostra que o calçado de Jaú não vai bem e, na minha opinião, é preciso que sejam criados grupos de estudos que apontem alternativas como conquista de novos mercados (interno e externo), redução de custos, melhor gestão financeira do negócio, aumento de produtividade, entre outros. Se cada um trabalhar por si o setor tende a piorar esses resultados.

Candeia – Em relação aos setores produtivos da região como um todo, quais vivem um bom momento e quais estão em crise?
Paulo Afonso – De forma geral, todos os ramos industriais da regional de Jaú apresentaram queda, como produtos alimentícios (-0,82), bebidas (-1,56), produtos de madeira (-2,10), produtos de metal (-7,14), veículos automotores e autopeças (-2,0). Os destaques positivos foram o ramo industrial de produtos químicos (8,16), borracha e plástico (1,79), celulose, papel e produtos de papel (3,16), móveis (2,63) e produtos diversos (7,49). Mas o setor do calçado é muito representativo e a média fechou em -6,90%.

Candeia – Pesquisa realizada pela consultoria Urban Systens e divulgada pela Revista Exame coloca Jaú em 74º lugar entre cidades com mais de 100 mil habitantes no País para receber investimentos. Que análise o senhor faz essa pesquisa?
Paulo Afonso – Esse ranking das melhores cidades para fazer negócios é um estudo produzido anualmente para a Revista Exame. A pesquisa analisa quatro frentes: desenvolvimento econômico (maturidade e crescimento da cidade), capital humano (relativo à qualificação profissional e formação de mão de obra), desenvolvimento social (reflexo social do desenvolvimento da cidade) e infraestrutura (básica para o desenvolvimento de negócios). Do total de 5.570 municípios, 317 entram na análise e representam 70% da riqueza gerada no Brasil (PIB), 62% das empresas, 72% dos empregos formais e 57% da população brasileira. Em sua 6ª edição, Jaú ficou na 74ª posição (em 2018 nem aparecia no ranking), atrás de São Carlos (37ª) e à frente de cidades como Bauru (77ª) e Botucatu (78ª). Isso não quer dizer que Jaú esta numa posição tranquila, há muito o que se fazer. Na minha análise, devemos observar duas cidades da região: São Carlos, que saiu da 60ª posição em 2018 para a 37ª em 2019, e Bauru, que teve queda acentuada da 45ª posição em 2018 para a 77ª em 2019. A pergunta é: o que São Carlos fez diferente, nesses quatro quesitos, para ganhar tantas posições e o que Bauru não fez e a derrubou tanto no ranking?

Candeia – Que medidas o setor público e a iniciativa privada podem tomar para reverter esse quadro?
Paulo Afonso – Eu acredito que precisamos fazer a nossa parte. Existem variáveis que não temos controle, por exemplo, se o dólar sobe ou desce. A cidade de Jaú tem toda uma estrutura criada para o calçado feminino, que estratégias precisamos criar para que isso se desenvolva? Qual é a parte do poder público nisso? Qual é a tarefa do empresariado? Eu vejo a cidade de São Carlos como um exemplo interessante, achou sua vocação e investiu nisso.

Candeia – De modo geral a região de Jaú não atrai grandes investimentos. Por quê?
Paulo Afonso – Grandes investimentos não se resumem à doação de terrenos. Isso foi no passado. Os quatro quesitos da pesquisa respondem isso. Eu vejo Jaú daqui a alguns anos como um grande polo de saúde (faculdade de medicina, Hospital Unimed), porque está se criando toda uma infraestrutura para isso, está se formando mão de obra especializada. Precisamos definir que investimentos queremos e criar condições para isso.

Candeia – Para o senhor, há falta de uma maior articulação entres os agentes políticos da região? Por quê?
Paulo Afonso – Sim, porque há tempos Jaú e região não têm representantes, tanto no legislativo estadual quanto federal. O que temos são políticos de outras regiões que buscam seus votos aqui em troca de pouca coisa. Precisa sim pensar mais no desenvolvimento da região e menos em partidos políticos, o resultado vemos refletidos nessas pesquisas.

 

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