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Arqueólogo Astolfo Gomes de Mello Araújo, coordenador do projeto: “na região de Bariri mesmo temos poucos sítios arqueológicos cadastrados, mas aposto que exista uma quantidade muito grande” – Divulgação

Alcir Zago

Pesquisadores do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da Universidade de São Paulo (USP) estão monitorando sítios arqueológicos na região, incluindo Bariri.

O projeto é denominado “Avaliação e Mitigação de Impactos ao Patrimônio Arqueológico resultantes de barragens ao longo dos rios Tietê, Grande e Pardo”.

Ao Candeia, o geólogo e arqueólogo Astolfo Gomes de Mello Araújo, coordenador do estudo, explicou que o trabalho visa monitorar sítios arqueológicos que estão na faixa de domínio de várias barragens no Estado de São Paulo, entre elas a usina hidrelétrica de Bariri, além da Barragem Água Vermelha, na divisa com Minas Gerais.

Ele é coordenador do Levoc (Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas em Evolução, Cultura e Meio Ambiente).

“Esse trabalho é muito importante porque a variação no nível das represas, bem como a ação de ondas nas margens, acabam por causar erosão do solo e, assim, sítios arqueológicos podem acabar sofrendo impactos ou até mesmo destruição”, diz Araújo.

O pesquisador conta que o trabalho deve fornecer uma enorme quantidade de informações a respeito da arqueologia de uma extensa área do Estado de São Paulo que é pouco conhecida.

“Na região de Bariri temos poucos sítios arqueológicos cadastrados, mas aposto que exista uma quantidade muito grande”, ressalta ele. “Não muito longe de Bariri, em Dourado, encontramos o sítio arqueológico mais antigo do Estado de São Paulo. Esse sítio está a apenas 60 quilômetros em linha reta de Bariri. Isso mostra o potencial do que ainda temos para descobrir.”

Os pesquisadores ainda não iniciaram o trabalho de campo por conta da pandemia da Covid-19. O prazo previsto para o término da primeira fase do projeto é de seis meses, podendo ser prorrogado.

O sítio em Dourado foi encontrado durante um projeto acadêmico financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A partir dele foram encontradas dezenas de outros sítios na região.

“Daí termos a ideia de que na região de Bariri o mesmo acontecerá. Inclusive, pedimos aos moradores locais que, se tiverem alguma informação sobre materiais arqueológicos, entrem em contato conosco”, diz Araújo.

Exemplo de lasca de arenito silicificado fraturada e remontada em laboratório – Ader Gotardo (MAE-USP)

Contato

Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo – MAE/USP

Av. Prof. Almeida Prado, 1.466

Cidade Universitaria – São Paulo – SP

CEP 05508-070

Dourado possui sítio arqueológico mais antigo de SP

Em 2016 foi localizado no município de Dourado o sítio arqueológico Bastos, o mais antigo já registrado no Estado de São Paulo até o momento.

O Sítio Bastos obteve datas entre 12.600 e 7.600 anos de idade. A indústria lítica é composta de lascas em arenito silicificado com pouco retoque unifacial e ausente de artefatos formais.

De acordo com os pesquisadores, o sítio provavelmente representa uma área de habitação próxima a um terraço de rio, posteriormente recoberto por um evento de colúvio.

A remontagem de peças atesta a integridade do posicionamento espacial do material arqueológico. Este é o sítio mais antigo encontrado em São Paulo, e contemporâneo a outros sítios antigos, como os da região de Lagoa Santa e Pains no estado de Minas Gerais.

No entanto, a indústria lítica não se relaciona com as encontradas nessas áreas, sugerindo a existência de um grupo distinto de Paleoíndios.

De acordo com os autores, as escavações ainda não atingiram níveis estéreis (ou seja, sem presença de artefato arqueológicos). Portanto, as escavações devem continuar de modo que datas mais antigas para o sítio possam ser obtidas.

Mapa do Estado de São Paulo mostra distância entre Bariri e Dourado: pesquisa pode encontrar mais sítios arqueológicos na região – Google Map