
“Três pedidos de CP em tão pouco tempo demonstram que – levando o caso para o mundo do futebol – para qualquer tipo de falta a única opção é o cartão vermelho”
Com nove votos favoráveis e nenhum contrário, a Câmara de Bariri cassou na noite de quarta-feira (4) o mandato do vereador Gilson de Souza Carvalho (PSB).
Denúncia protocolada no Legislativo de que teria se apropriado do cargo para supostamente cometer atos de abuso de poder e assédio moral contra funcionárias públicas municipais foi aceito por todos os edis. O mesmo caso está em trâmite no Judiciário, com denúncia aceita pela Justiça.
O resultado da votação já era esperado mesmo antes do início da sessão. De certa forma, Gilson adotou um discurso de despedida dois dias antes, na sessão ordinária de 2 de junho.
Além disso, sua advogada, Daniela Rodrigueiro, comentou logo no início de sua fala que esperava por esse desfecho, concordando com a abreviação da sessão de julgamento para que diversas peças nem fossem lidas.
Um ponto colocado pela defensora merece reflexão. Ela disse que Bariri vem num ciclo de instabilidades políticas e que a roda parece continuar a girar nesse sentido. Criticou a forma como transcorre o processo de cassação (legislação de 1967, em pleno regime militar), em que o julgador dá seu voto sem precisar embasá-lo.
Na história recente de Bariri, Gilson é o terceiro político com o mandato cassado. O primeiro foi Paulo Henrique Barros de Araujo, em abril de 2018. A situação dele era extremamente grave, por ter sido preso em flagrante por estupro de vulnerável, crime pelo qual acabou sendo condenado posteriormente.
A outra cassação ocorreu em novembro de 2023, com o então prefeito Abelardo Maurício Martins Simões Filho.
Nesse ponto, merece outra reflexão em relação às falas da defensora de Gilson. A primeira é que foi o próprio Gilson o autor do pedido de cassação na Câmara contra o chefe do Executivo e isso o colocou na mira de um ou mais grupos políticos da cidade. Além disso, o vereador “pagou um preço” pelo seu histórico combativo, inclusive à frente do sindicato dos servidores municipais.
A segunda é que Abelardo também respondeu a um processo de cassação no Legislativo mesmo antes de ser denunciado pelo Ministério Público por supostas irregularidades cometidas na contratação da empresa Latina Ambiental.
O resultado da votação de quarta-feira (4) tira o mandato de um vereador com menos de seis meses no exercício no cargo. Outra CP aberta contra ele foi arquivada.
No ano de 2025 existe um terceiro pedido de Processante em curso, desta vez requerendo a cassação do mandato da vereadora Myrella Soares da Silva (União Brasil).
Três pedidos de CP em tão pouco tempo demonstram que – levando o caso para o mundo do futebol – para qualquer tipo de falta a única opção é o cartão vermelho.