Carnaval 2025
MOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL – “Voltando para o futuro, não há limites para sonhar”, fará uma viagem intergaláctica, onde ela se reconectacom seu brilho mais intenso, o de uma estrela jovem, incitando que segundo os astrônomos elas estão muito longe da Terra e que ao observá-las no céu estamos olhando para o passado, despontando na passarela do samba, saltando mais uma vez para o futuro. Interessante.
VILA ISABEL – “Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece”, focará nas assombrações que atazanam o imaginário popular, pois elas fazem parte do nosso dia a dia de várias formas, desde a infância até a fase adulta feita pelo carnavalesco Paulo Barros. Deve ter um enorme Trem Fantasma, lentamente, invadindo a pista com defuntos, vampiros, lobisomem, caboclo d’água, curupira, sereia, bicho papão e outros. A Vila vai nos assombrar de alegria e bruxaria. É Carnaval.
PORTELA – “Cantar será buscar o caminho que vai dar no sol – Milton Nascimento”, fará uma procissão que sairá de Madureira até chegar ao cantor, a primeira vez que a Escola homenageia um artista vivo, ocasião única em sua história. No seu 101º aniversário lembrando um dos maiores nomes da música brasileira e promete encantar o público. A melhor frase dos Enredos: “Quem acredita na vida, não deixa de amar” tá no samba. Será a última a desfilar na terça feira, encerrando o Carnaval na Marques de Sapucaí.
MANGUEIRA – “À Flor da Terra – No Rio da Negritude entre dores e paixões” e a ideia é levar para a Sapucaí uma narrativa baseada na historicidade preta de forte cunho social, conectando passado e presente nas vivências. Sidnei França, carnavalesco, diz que a Verde e Rosa será atrevida por natureza e banhada da ancestralidade bantu, carregando na memória a cruel violência, mas também as experiências revolucionárias de liberdade e a alma carioca desafiando a morte “que a bala insiste em achar”, celebrando a vida e fazendo carnaval sempre, exaltando as vidas negras que florescem no solo carioca. Será a última a desfilar no domingo. Minha Mangueira, a Matriarca das paixões.
SALGUEIRO – “Salgueiro de corpo fechado”, assinado por Igor Ricardo e desenvolvido pelo carnavalesco Jorge Silveira, a Escola explora a tradição das práticas mágico-religiosas que prometem proteger o corpo contra males físicos e espirituais. Faço aqui alusão à Oração de São Jorge: “vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam e nem em pensamentos possam me fazer mal”… Esse enredo reflete a alma e a ancestralidade que a Escola tanto valoriza, sendo um apelo espiritual para que o Salgueiro entre na Avenida protegido, determinado e conquiste o título. Vai apresentar uma abordagem carnavalesca desses ritos e rituais. Aguardem, disse o salgueirense Xande de Pilares.
GRANDE RIO – “Pororocas Parawaras: as Águas dos meus encantos nas contas do Carimbó” numa viagem pelas águas misteriosas do Pará, embaladas pelos tambores dos curimbós promete para o desfile. A comunidade precisa e vai vestir, viver e incorporar esse enredo tão vibrante, poético e mágico: “Banzeiro, Banzeiro”. Com essa energia, vai brigar pelo campeonato. O samba é muito bom, viralizou. Será que vai carimbolar? A Paula Oliveira que o diga sambando muito, como samba.
IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE – “Ómi Tútu ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón”, que conta a história da saga de Oxalá ao reino de Oyó para visitar Xangô. Oní sáà wúre. Atual vice-campeã do Carnaval carioca com o carnavalesco Leandro Vieira, que vai para o seu terceiro desfile consecutivo na escola que abordará a temática ligada ao culto orixá e ao candomblé depois de 46 anos. Será a segunda escola a desfilar no domingo de Carnaval. Axé.
VIRADOURO – “Malunguinho, o Mensageiro de Três Mundos”. O carnavalesco Tarcísio Zanon inspirou-se na relação de João Batista, o Malunguinho, entidade afro-indígena que surgiu no século XIX e liderou o Quilombo Catucá, com Pernambuco. Seu nome é João Batista, o mensageiro de três mundos que foi coroado no tambor pela nação de Xangô que me convoca e diz que veio para tacar fogo na Avenida. “O rei da mata que mata quem mata o Brasil”. Ói.
UNIDOS DA TIJUCA – “Logun-Edé – Santo Menino Que Velho Respeita” do carnavalesco Edson Pereira, que traz Anitta entre o time de compositores do samba que dirá no enredo: E assim me ordenou Orunmilá; enquanto cresceres, entre o céu e a terra, entre a mata e o rio, entre a África e o Brasil, entre a comunidade do Morro do Borel e a Marquês de Sapucaí, serás grande e imortal no pavilhão de nossa escola, que te mostra ao mundo inteiro, no giro da porta-bandeira e no bailar do mestre-sala, espalhando o teu axé. Axé.
BEIJA FLOR – “Laíla de todos os sambas, Laíla de todos os santos” é o homenageado da Escola, figura importante do carnaval, teve destaque na trajetória da Beija-Flor. Sua importância para o samba e as Escolas e o Carnaval é indiscutível e certamente os desfiles das Escolas de Samba não seriam o que se tornaram sem a visão e a sagacidade dele. Registrado Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, o Laíla que ascendeu ao status de baluarte com Joãozinho Trinta em comunhão, o Mago e o Griô, reencontro de bambas no plano espiritual, o gurufim (velório no morro) da coroação reconstruindo um momento antológico do Carnaval. Vai vingar?
PARAISO DO TUIUTI – “Quem tem medo de Xica Manincongo” é seu enredo para Carnaval. A Escola do Morro do Tuiuti, no bairro de São Cristóvão, na zona norte do Rio destacará a história de Xica, considerada a primeira travesti do Brasil. Nascida no Congo, foi escravizada e levada para Salvador no século 16, vestia com trajes voltados para o público masculino, ela foi perseguida e se tornou alvo da Inquisição, tribunal voltado para condenar e punir condutas contrárias aos princípios da fé católica. Abdicou de suas roupas e adotou o estilo de vida comum aos homens da época sendo inocentada. A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) celebrou o tema através de sua Presidente Keila Simpson e espera que o desfile dialogue com a realidade atual, chamando a atenção para as histórias de invisibilidade e de perseguição que ainda são recorrentes na sociedade brasileira.
UNIDOS DE PADRE MIGUEL – “Egbé Iyá Nassô”, o enredo e a Escola voltam à elite do Carnaval carioca após 52 anos. De autoria dos carnavalescos Alexandre Lousada e Lucas Milato, contará a trajetória da africana Iyá Nassô e do emblemático Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho numa viagem pela história e tradição afro-brasileira, ao destacar o legado de Iyá Nassô e o papel fundamental do Ilê Axé Iyá Nassô Oká, considerado o mais antigo templo afro-brasileiro ainda em funcionamento. Celebra a ancestralidade africana e que consagra o primeiro Ilê plantado em terras brasileiras instaurando a religião do Candomblé. Aguerridos. Somos Egbé Iyá Nassô.
Cássio Aguiar