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Em tempos de notícias bombásticas (Operação Ouro Verde, gestão OS Vitale Saúde, intervenção da prefeitura) e de crise sem precedentes, nunca é demais lembrar de pessoas que fizeram a história da Santa Casa de Bariri.

Uma delas é o médico clínico e cirurgião geral, Moacir Elias Jorge, que faleceu aos 86 anos, no final de agosto. Candeia conversou com o pesquisador José Augusto Barboza Cava, o Cavinha, sobre a trajetória que liga o médico à Santa Casa e outros setores em Bariri.

Além do interesse normal pelas conquistas desse período, Cavinha tem motivação extra pelo tema, uma vez que Dr. Moacir era tio de sua esposa, Widad Jorge Barboza Cava, e entre eles existia muita afinidade.

O médico nasceu em Bariri em 1931, sendo filho do casal de comerciantes de origem sírio-libanesa, Elias e Salime Jorge, e tinha três irmãos: Chade, Farisa e Jorge.

Em 1954, aos 23 anos, formou-se pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (conhecida como Faculdade do Fundão). Em 1958 veio para Bariri para atuar como médico clínico e cirurgião geral.

Trabalhou inicialmente na Casa de Saúde São Jorge, a convite da família Resegue, então, mantenedora do hospital.

No início da década de 60, foi convencido pelo então diretor clínico da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia, Dr. Carlos Baltazar da Silva Azevedo, a ingressar no corpo clínico do hospital.

Em pouco tempo, passou a liderar as ações ligadas aos serviços médicos e logo assumiu a diretoria clínica da Santa Casa.  Permaneceu nesse cargo ao longo de 30 anos, quando reorganizou a administração do local, criando mecanismos necessários para formalizá-lo como hospital de caráter filantrópico (sem fins lucrativos e apto a receber recursos públicos).

Atuou diretamente na formação de corpo clínico com médicos de formação geral e de especialidades. Até hoje, a maioria dos médicos que trabalham em Bariri veio por iniciativa dele ou com seu aval.

Segundo Cavinha, são inúmeras as ações desenvolvidas na Santa Casa durante a sua gestão, como reforma da maternidade e construção da sala de parto; Pavilhão José Ferreira Quental, que abriga a pediatria, consultórios médicos e pronto socorro (1981); posto de enfermagem; refeitório; lactário, sala de isolamento; ambulatório de emergência; serviço odontológico; sala de pequenas cirurgias; centro cirúrgico obstétrico;  novos equipamentos de RX; creche; necrotério e velório; centro cirúrgico moderno; UTI; sala de recuperação, ultrassom; mamógrafo; gerador de energia, e outras.

Com essas inovações, a Santa Casa de Bariri um dia já foi referência em hospital filantrópico, primeiro junto ao INSS, e depois ao SUS.

Dr. Moacir comandou a rede de atenção básica de Bariri, de 1.993 a 2.000, quando exerceu o cargo de diretor da Saúde, nas gestões dos ex-prefeitos José Aparecido Araújo e José Cláudio do Santos, ambos do PMDB.

A veia empreendedora ainda se manifestou no setor de negócios, quando formou com quatro amigos sociedade apelidada de MMDC – Alcides Matiuzzo, Moacir Elias Jorge, Dráuzio de Souza Freitas e Confúcio Duarte.

Figuram entre os responsáveis, entre outras empreitadas, pela construção do Jardim Umuarama e do Clube Umuarama, e pela criação do primeiro consórcio de veículos em Bariri.

Dr. Moacir participou da fundação do Lions Clube de Bariri e do Sindicato Rural. Foi ainda um próspero agricultor e pecuarista.